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quarta-feira, 31 de julho de 2013

The ProtoSapiens - Angui's Story (Capítulo III)


Durante milhões de anos, gerações incontáveis no nosso passado, criaram e veneraram os seus próprios, conferindo-lhes as características que no seu tempo mais eram apreciadas.
A perfeição segundo mentes mais que imperfeitas, era erguida e subsequentemente derrotada pela sua imperfeição, segundos outras mentes igualmente imperfeitas.
Estranhamente, este ciclo parece ter chegado a um fim, ou senão um fim, virou-se agora para uma perfeita simetria.
O tempo deu-nos poder, poderes que nos abriram os horizontes espaciais, que nos libertou da opressão, que nos permitiu sermos nós a oprimir.
Após a extinção de limites, toda a nossa percepção de vida mudou.
Podemos agora chegar a tudo, fazer de tudo, criar de tudo.
Conceitos que sem serem vividos, provavelmente nunca serão capazes de compreender.
Sem objectivos inatingíveis no nosso planeta, saber tudo, tornou-se o único objectivo da nossa existência colectiva.
Mas após anos em busca do desconhecido, não tenho mais a certeza de que o saber é o ultimo objectivo de algo de um ser vivo.
Percebi que este propósito me parece ser o que seguramos como última razão para continuarmos, vivos.
É irónico que durante todo aquele tempo, procurámos razão na nossa imaginação, e agora não encontro propósito nem na realidade.
Essa perspectiva teve, assim cheguei a este planeta, uma reviravolta inesperada.
Em tantas espécies, tão diversas, uma espécie criou em mim um propósito que eu não poderia ter pensado por mim próprio.
Algo que culminou nos meus actos contra Eden, onde a minha visão não agradou a ninguém.
No final, acredito que estes seres têm mais pelo que viver e são mais merecedores dessa dádiva que ainda não compreendem, do que todos os que se encontravam a bordo.

Após percebermos que se tratava de um atmosfera rica em oxigénio e nitrogénio, decidiram que se trataria de uma missão de investigação profunda.
Para mim, foi o sinal principal de que o interesse ia para além do interesse nos comportamentos e ciclos deste planeta e da vida que contém.

Vi a estrela que domina este sistema, desaparecer não mais de 5 vezes, até ser chamado à câmara principal.
Nela, o primeiro ser procurava pelos seus semelhantes.
A simulação era quase perfeita.
A sua percepção estava tão convencida de que tinha acordado no mesmo local onde acordou, que não se apercebeu da nossa presença, não procurou uma saída, mas ao invés, procurou os seus semelhantes.
Foi então que me senti um Deus, perante a mais inteligente espécie deste planeta.
Uma espécie capaz de construir, criar, e planear em grupo.
Um membro, que naquele momento, confuso e em pânico, não sabia o que fazer num ambiente que sendo em quase tudo igual ao que conhecia, estava desprovido de todos os que conhecia e interagia em todos os ciclos.
Cai então em dualidade.
Algo no comportamento daquele ser me impedia de deixar de observar, de o tentar compreender, de me conectar com o que o seu cérebro interpretava, e no que nele se activava.
A forma aparentemente irracional como se começou a mover, dividiu o meu pensamento, entre continuar a observa-lo, ou prevenir que terminá-se com a sua vida.

Num momento revelador para todos, ao dar um passo em falso enquanto corria já sem forças, cai sem controle sobre uma rocha.
Observá-mos pela primeira o fluído que potência estes seres.
O solo sob si ensopou-se de vermelha, e daí surgiu o seu nome, Adão.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

De Manhã...

Já não é tão esta altura no dia, em que percebo que não me sinto tão mal.
Já não são os raios solares que elevam os valores de alguma hormona que me faz sentir melhor.
A Noite dura agora todo o dia.

Antigas Amizades

Hoje percebi o porquê de não falar com ninguém dos meus anos de secundário.
Secundário foram os únicos anos da minha vida onde senti que pertencia a um grupo, uma família.
Foram anos em senti felicidade, em que me senti bem, senti que finalmente, ao me aproximar da idade adulta, tinha encontrado pessoas que me compreendiam, que riam como eu ria, que sentiam como eu sentia.
3 anos que hoje parecem tão longínquos como se 30 já tivessem passado.
Em apenas 2 anos, o secundário tornou-se um lugar do passado que tento esquecer, com pessoas que hoje me são completas desconhecidas.
Literalmente, não as conheço.
Em dois anos, depois de tentar com tantas pessoas, iniciar uma simples entre duas pessoas que já não se falam há tanto tempo, percebi que não há tecnologia que ultrapasse o desprezo humano.
Gostaria de perceber se sou eu que ainda sou um puto, enquanto todos evoluiram para adultos, ou se realmente nunca houve amizade nenhuma.
Gostaria de perceber o porquê dos 18 anos desfazerem a personalidade e as amizades criadas até então.
É como se houvesse um ritual de inserção que falhei ao 17 anos, que ninguém me avisou.
Sinto-me um criança, sinto que parei no tempo, sinto-me um falhanço num universo paralelo, sinto que estão todos certo e eu errado, provado pelo facto, de que não falo hoje com ninguém desses 3 anos, provado porque ninguém em dois anos, apesar das minhas tentativas, me perguntou sequer estava bem.
Já agora.
Não estou.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Não saber deixar...

É engraçado pensar que o próprio cérebro se gosta de torturar.
Não existe nunca uma situação em que memórias e sentimentos de torturam, tu sim torturas-te a ti próprio, mesmo que não o consigas impedir, mesmo que não faças de propósito.
Eu por exemplo, não sei deixar de gostar desta pessoa.
Não é algo que se elimine, não é algo que tenha escolhido, não é alguém que seja perfeita para mim, mas é a imperfeição que me atrai.
Ao pé dessa imperfeição, é o único momento em que me sinto feliz.
Confunde-me se o meu sentimento é real, ou se é especial por ser o único e ainda sinto.
Confunde-me ainda mais o porquê de me sentir tão inferior sempre que se diverte com quem mais gosta.
O meu cérebro não sabe parar de gostar, pois é incentivado a gostar mais sempre que estou contigo.