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domingo, 30 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo IV)

Não compreendi imediatamente o que estava a ver.
Vários pontos e feixes de luz reflectiam-se no interior do sarcófago, iluminando-se vagamente a penumbra no seu interior, desfocados por fibras musculares translucidas.
Sim, fibras musculares.
Fibras, nervos...e um exosqueleto.
O copo escorregou-me da mão.
Cedi ao influxo daquele momento.
Penso que foi o mais perto que estive de sentir algo vagamente divino tocar nas profundezas da minha mente.
Lembro-me de que nos instantes que se seguiram pensei no que é que a aquilo significava no que o que realmente aquilo era.
No fim, não significaria nada ninguém fora daquela sala.
Nunca viria a ser publicado, nunca mais veria a luz do dia.

Voluntariei-me para vestir o fato e entrar dentro da câmara.
A cada passo meu, as botas pegavam-se mais ao chão ainda pegajoso do interior, mas nesse momento nem disso me apercebi, com visão em túnel, só via aquela brecha de luz ondulante chamando por mim.
Com um pequeno alicate eléctrico, deslizei alguns centímetros a metade superirodando espaço para tirar qualquer possível amostra, ao mesmo tempo tentado não desequilibrar aquela tonelada de metal.
Como abrir um baú do tesouro, há muito esquecido, esperando ser aberto.
Fiquei a olhar para um ser, suspenso num fluido que lhe distorcia a forma estranhamente humana, cabendo à justa no seu próprio sarcófago.
Gritaram-me para que não o fizesse.
Sem racionar um segundo, mergulhei a minha mão até tocar no seu braço.
Dá-se uma reacção em cadeia nos pigmentos luminescentes à superfície do exosqueleto assim que lhe agarrei no pulso, espalhando-se por todo o braço até desvanecer, como a ondulação da água após o impacto de uma gota.
Olhei repentinamente para a sua cara, sem rosto, esperando movimento, esperando algo, que não queria que acontecesse.
Levantei a sua mão pesada, de apenas 4 dedos compridos, que eram, mesmo assim, um pouco desproporcionalmente pequenos para o tamanho dos seus braços.

Parece que afinal tinham razão...

Retirei duas amostras do fluido e da fina camada de pele que cobria a a tua carapaça.
O que se seguiu, não passou do vulgar agoiro com o falecido Washington, que não vou perder palavras para te contar.
O que realmente interessa escrever, foi do que descobri nos dias seguintes.
Naquelas amostras, encontravam-se conhecimentos que revolucionariam a humanidade, ou a fariam colapsar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

No Frio

Que saudades que eu tinha deste tempo.
Da chuva, do frio, do vento.
Já não sabia de um dia sem esta berrante
Dor de cabeça

Adoro o frio
Algo me fez sentir um calor acolhedor
No frio abrasador

Nem de uma sensação que me acompanha à tanto eu consigo escrever.

E vivia num continuo inverno, com um natal aqui e ali, estivesse sempre fresco, sempre gelado.
Cheio de gelo dentro mim é como me sinto.
No calor derreto.
E assim respondo ao que me perguntas-te.
Como posso estar de pele ao vento da noite?
Sem ter a linda frase que o explique, digo, que é onde me sinto bem.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Noite - pt3

Sentia-me rejuvenescido, embora ainda de pálpebras pesadas, não sentia a dor de cabeça que sinto quase todos os dias quando acordo, e consegui perceber o reflexo de um sol das 9 horas da manhã.
De barriga para baixo e sem lençóis por cima de mim, de cara quase totalmente enfiada na almofada, sinto dois rápidos e suaves toques de um só dedo no meu pescoço.
Decerto a minha mãe.
Levanto a cabeça e olho por cima do ombro, para o lado contrário da cama, e mesmo com uma visão ainda turva, descubro que não estava lá ninguém.

domingo, 23 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo III)

-Já vi demasiados filmes destes...

Eu não queria acreditar no que poderia estar a minha frente.
Não queria e até hoje, não acredito.
Com alguns elevadores, carregámos as 2 toneladas do "sarcófago" de quase 4 metros de comprimento, para a câmara de vácuo.
Sabia que havia algo que não mais, algo que não batia certo com todo aquele aparato que mais parecia saído dos tempos de guerra fria, preparados em DEFCON 1.
Recordo-me que não levei aquelas horas tão a sério como a situação o exigia.
Queria obviamente saber a origem daquele objecto, embora outra parte de mim ecoava-me dentro da cabeça para que não o fizesse.
Momentos antes de o deslizarem para dentro da câmara, olhei para mim através daquele metal.
Vi esta versão obscura de mim reflectida, enquanto o tempo parecia parar, senti este pequeno desconforto dentro de mim, e por alguma razão, senti vontade de "apagar" o meu rosto da superfície cromada.
Toquei-lhe.
Um formigueiro estremeceu a minha mão, em falta de melhor descrição, como se tocasse numa criatura inerte, gelada, com imensa actividade dentro de si, tanta que parecia prestes a explodir.
Mas não me assustou, e não percebi nem percebo porquê.
Penso que houve algum fascínio que me impediu de reagir.

-Hey...não te apaixones ao primeiro toque...essa relação pode ter um fim abrupto...-

Gordon, aquela personagem que nunca deveria ter sido autorizada a entrar num laboratório, acordou-me  , e voltei a mim apenas quando ouvi a comporta a ser fechada.

Iamos então entrar em terreno desconhecido.

Segundo a "história" oficial, a cerca de 2 km do fundo, um sinal parou a tripulação da primeira esquadra de reconhecimento.
O sinal eletromagnético do sarcófago interferiu com a banda de 10 ghz do submarino, que com os cérebros militantes pensaram tratar-se de uma manobra evasiva de uma equipa que la tinha chegado a priori, mas os sonares nada captavam senão fundo de rocha e areia.
Seguiram o sinal até chegarem à fonte, ao ponto de deixarem de ter comunicações sem fios.

O sinal, após reconversão, provocou em mim um pavor inexplicável, que apenas posso explicar como indo buscar às profundezas do subconsciente, desencadeando o mais primitivo instinto de pânico e medo que o ser humano pode sentir.
Fui incapaz de permanecer naquela sala.
Continha uma secção em que emitia 3 distintos bips, e como que recuava à espera de uma resposta, num período 3 vezes mais longo.
Por isso, sem ideia do que exactamente devia-mos responder, a equipa decidiu gravar a secção de 3 bips e reproduzi-la no tempo de espera, em jeito de confirmação de que sabemos ouvir.

Emitiram o som na câmara...e esperaram...até que deixá-mos de receber sinal...e esperaram mais um pouco.
Acendeu-se um pequeno ponto de luz azul na sua ponta, e em menos de um segundo circundou na horizontal todo o sarcófago, como que fatiando-o em duas metades simetrias, num corte quase imperceptível.
Esperando que algo acontecesse, algo aconteceu.
Um liquido começou a jorrar com alguma pressão pelo corte.
Após a pressão aliviar, podémos perceber algum tipo de pequenos organismos, transparentes, caíndo aos milhares envoltos neste liquido, aparentemente mais espesso que água.
Todo o chão da câmara estava cheia desta "sopa", que não sabendo do que se tratava decidimos ligar o vácuo câmara.
Inútil.
Ao contrário da água, o liquido não ferveu no vácuo e todo o movimento que continua, decidiu igualmente não parar.
Sem escolha, e com probabilidade de destruir o que quer estivesse ainda no interior do contentor, decidiram pulverizar a câmara de ácído cianídrico.

-Zyklon, aniquilando inconvenientes desde os anos 40 do século passado...

Um clarão azul invadiu a sala.
Nada parecia mexer na câmara a essa altura, mas mesmo assim ninguém pareceu confiante o suficiente para vestir o fato e examinar o que se encontrava por lá.
Enviámos então um pequeno WPR comandado, de modo a recolher não apenas amostras do liquido derramado, como também imagens do que permanecia inerte, no seu interior, à mais de 5 milénios.
Assim que cheguei de novo à sala de teste, de água ainda na mão, deparei-me com o monitor principal, exibindo a primeira imagem do interior.
O projecto secreto de investigação, passou nessa noite a ter como nome de código
-"Luminária"-


sábado, 22 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo II)

Costumava-mos receber todas as segundas o envelope com todas as folhas, papelada, que teríamos de preencher o resto da semana.
Protocolo.
Como se não soubessem o que acontecia no laboratório durante toda a semana, a todo o segundo.
Até hoje penso que não passava de um teste de confiança.
A confiança não era mútua obviamente, nem precisava de ser, eles davam-nos o dinheiro, e nós obedecia-mos ao ultra-secretismo que nos impunham, basicamente aceitando não passar de peões num jogo xadrez.

Mas essa rotina não durou muito.

Sabemos que algo de especial aconteceu quando os senhores de fatos negros nos ligam a meio de uma noite gelada, para entrarmos no carro já se encontra à nossa porta.
Inventar uma desculpa, várias, uma mentira, sair da nossa vida para entrar no nosso sonho que se tornou pesadelo que nunca esperámos.

-Mas, que se passa...Que horas são?
-Precisamos de si, desça, estão à sua espera.
-Qual é a sur...

Dinheiro.
Poder.
Percebem?

Mas não precisavam de me pagar ver o que vi naquela noite.
Ao tentar descrever toda aquela noite, inclinado sobre a câmara, sem nunca me definir se me devia sentar ou ficar de pé...
Lembro-me que não falaram durante toda a viagem, e não era necessário, pois não só não tinham resposta para o que haviam encontrado, como sabiam que todas as minhas perguntas iriam ser multiplicadas por 100 assim que o visse.

-Vai gostar do que vai ver...Esperemos que nos possa dizer o que é...-

Formávamos um semi circulo quase impenetrável à volta do ecrã, ao lado da nossa "surpresa", na sala mais escondida da secção 6, tão escondida que mal percebi como o tinham colocado la dentro.
Há minha frente encontrava-se o que eu à primeira vista pensei ser algum tipo de míssil mas ponte-agudo em ambas as extremidades, com estranhas saliências circulares que se repetiam perpendicularmente ao eixo daquele objecto maciço.
De um metal negro espelhado, apenas mate em algumas manchas onde crustáceos se tinham fixado, e posteriormente sido retirados.
A verdade é que este objecto tinha sido recuperado de uma recente expedição militar a quase 11km de profundidade na depressão Challenger, adiando a construção da então secreta MRF DeepNeptune.

-E sou autorizado a perguntar porque nos reuniram a estas horas? Viemos aqui para vos dizer o que é que vocês andam a desenvolver?
-...Chamá-mo-vos para nos dizerem...o que é que exactamente está lá dentro.
-As nossas máquinas de TAC mal conseguiram penetrar, mas mesmo assim consegui-mos esta distorcida imagem 3D do que lá está, e que nos parece...orgânico.

O que me queriam dizer, é que tinham encontrado um sarcófago, que a minha equipa devia saber como abri-lo, e estudar...o que quer que estivesse lá dentro.
Que fique escrito que não foi minha a ideia, nem sequer a achei brilhante.
Só queria que me levassem aquilo dali para fora, para onde o tinham tirado.
Disseram-nos que não o conseguiram riscar sequer para o datar, o que percebi, não passava de uma forma de nos encobrirem algo que não tinha-mos de saber.
História com piada, como tudo mudou nas nossas vidas tão rápido.
Toda a secção 6 do Miescher Genetic Research Laboratory ficou então fechada a todos os outros engenheiros, a toda a administração, e penso que nem com assinatura do presidente se entrava por aquelas portas.
Tínhamos ultrapassado o ultra-secretismo, tinha-mos passado o alcance da lei e penso também da lógica e da razão.
Pelo menos, até descobrir-mos o que preferia-mos ter deixado em paz.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo I)

Todos nos dizem, antes de sermos alguém, que temos algo de especial dentro de nós.
Antes mesmo de sabermos que somos alguém, já sabemos que somos especiais.
A maior parte não chega a ser nada de nada e uma pequena percentagem chega a achar que é algo.
Na terceira-idade, acabei por sentir ambos, e chegou o momento em que conto aos meus netos o quão especiais eles são.

Mal sabem o quão verdade isso é.

Nesta carta, que espero não seja a última, dou-vos um pequeno vislumbre do que nunca vos disse, o único segredo que mantive para mim durante todo este tempo, e assento isto em letras, porque a minha veia cientifica venceu a minha artéria egoísta.
No princípio da década de 30, no agora em ruínas laboratório Miescher, começámos um estudo, que achávamos na altura, iria revolucionar todo o nosso conhecimento sobre o passado da vida na terra, criando-a.
Tinha-mos o conhecimento, as ferramentas e a vontade (essa que já cá estava à muito mais tempo), mas mesmo assim estávamos a pisar território, que não sendo desconhecido, era certamente virgem nas nossas mãos.
Essa era a nossa visão do que fazíamos e no que  trabalhávamos: Uma virgem na mão de Deuses

Mas nem sempre tudo segue quando pretendemos, principalmente quando o pão e vinho é-nos dado pelo governo.
Para eles nada mais importa do que o resultado, e quanto têm de gastar para o atingir, e se o resultado dá para matar e conquistar ou não...
Foram do anos mais frustrantes da minha, ser controlado e manipulado por esta entidade que só existe no papel, e se personifica nestes homens de fato e gravata, com mais uma carta na mão, que como eu neste momento, usam-na por ser o único método seguro de transmitir informação.
O papel pode ser censurado.
Entra em combustão aos 451º Fahrenheit.
Ainda não descobrimos um método de reorganizar os átomos das cinzas e dos gases de novo em papel que possa-mos ler.
Talvez ai vos pudesse provar tudo o que sei ser verdade.

Não vos escrevo esta carta para vos contar os segredos das que recebemos, escrevo-vos para contar o que aconteceu depois de as deixar-mos de receber.


domingo, 16 de setembro de 2012

Noite - pt2

Eu que nunca tive uma relação de muita intimidade coma noite e com o escuro, tenho tido das maiores "aventuras" durante esse diário período que todos passamos...

De barriga para baixo e braços debaixo da almofada.
De cabeça enterrada na almofada e e aconchegada contra o meu ombro esquerdo.
Começo muito lentamente acordar com esta sensação paralisante, pesada, com esta estranha trepidação no olhar.
Sentia algo estranho que me tocava nos pés por cima dos lençóis, e não me permitia esticar as pernas.
Sentia uma atmosfera que não me deixava respirar e não me permitiu sequer contrair um músculo que fosse de medo.
E então tudo tremeu.

Um terramoto assolou os círculos de luz que se escapavam pelos estores, trepidava e deslizava a própria cama do seu lugar, e "rasgava" o meu próprio corpo.
E eu agarrava-me à almofada fechando os olhos, que não impediam nem de ver toda a luz que pulsava aleatoriamente, nem de ouvir o incessante ruído de todo o meu quarto a rangia.

Este alguém. esta personagem continuava de pé, de pé ao fundo da cama.
Sem o ver percebi que era bastante alto e de braços grandes relaxados encostados ao corpo.
E os lençóis começaram a escorregar pelo corpo, rugindo e tremendo contra o meu corpo a medida que o deixava e sentia tudo frio e mais frio.
Ele continuava imóvel estático, mais frio que o frio que sentia, à medida que a luz acelerava e se intensificava.
Sentia o sangue vindo do coração fazendo pressão contra as paredes do meu crânio e o os lençóis chegando aos meus joelhos.
E então gritei, sem que nenhum som saísse.

E acordei.
Na mesma posição, com a mesma ténue luz de madrugada tocando na janela, cansado, soado, de músculos doridos e coração a bater, mas curiosamente...sereno.

Tempo

Odeio-te

Mais que tudo e todos

Não Páras
Não Julgas
Deixas Marcas
Mas não saras

Há muito que não sei o que é parar no momento
Desfrutá-lo
Há tanto que quero que ele chegue
Aproveitá-lo

Impaciência, inimiga do que o tempo nos trás
Sensação de enclausuramento espacial, dentro de mim
Monotonia que conserva um brilho de intensidade
Que nunca se manifesta, por mim, com ninguém

Pela razão que o tempo não para.


E o momento não chega e o tempo rola
Montanha acima.
Quero tanto que ele acabe
Acabá-lo

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sem Inspiração - pt1

Às vezes penso que tamanho importa, que não tenho nada que dizer e o rastilho se apagou.
Mas se há algo que aprendi com a música, é que no momento em que não se tem inspiração, escreve-se acerca de não ter inspiração.
Não chego a discernir se não tenho inspiração, se nada me ocorre, se não tenho paciência, não quero ter.
O que chego a perceber, é que nada ocorre na minha vida, estou sempre a falar no futuro, a pensar nele, e no que irá acontecer.
Nada acontece...
Nada que dê vontade de me deliciar no momento, nenhum momento que me delicie.
Minto...
Ontem gostei de a ver, atrasada, desengonçada, mais bonita, provavelmente porque me tinha esquecido do quão eras, és.
Mas farto-me disso, de tudo, também.
Quero algo, real, que aconteça, e quero escrever e tocar sobre isso.
Quero ter um motivo, uma motivação, para lêres mais do que o que me sai do génio, idiota.
Eu tenho de mudar a minha vida dia a dia, e ao mesmo quero ficar no mesmo, este estranho sentimento de confortável estrume.
E o estrume vai-me inspirando, as aspirando sempre o futuro, dia a dia.

sábado, 8 de setembro de 2012

Fingir

Odeio este hábito adulto de fingir tudo.
Fingir que se quer saber de alguém, fingir que tudo corre bem, fingir que nunca nada aconteceu. fingir que se promete, fingir que se é alguém.
São todos mágicos da ilusão e da mentira, todos parecem ganhar no dia que passam a ser adultos.
Eu não recebi nenhum livro nesse.
Esqueceram-se de mim, ao que parece.

Não precisam dizer que querem estar comigo quando já mal falamos, e quando já mal falamos dizerem que gostam da conversa.

Intrigas, segundos pensamentos, verdades óbvias que nunca são ditas.

Eu ganhei a capacidade de ler as pessoas.
Compreende-las ao mais ínfimo detalhe sem dizerem uma palavra.
Nunca falar deu-me isso.

Esforço-me para que passe de fingir para real.
E que desilusão, e para quê.

Eu não recebi livro nenhum, mas fui escrevendo um.
Aquele de título "Como fingir que ainda estamos cá para socializar"

E aproxima-se a sequela "Como viver sabendo que todos fingem querer saber de ti"

...

Pensei que iríamos ser directos, racionais e melhorar a partir, mas só vejo mais podridão, mais interesse, e mais "safa-te que eu estou bem".

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Depois

Imagino um dia ver-te passar
Numa rua onde possamos falar
Penso que nem que passem 30 anos
Quando tal acontecer, nada vai passar de um curto olhar


Usado
Gozado
Destruído
Mesmo assim sentindo-me culpado
Introduziram em mim
Fizeram-me crer ser o palhaço

O amor levou ao medo, o medo levou-me à loucura, a loucura levou-me à raiva, a raiva tornou-se em ódio, o ódio sucumbiu-me em sofrimento.

Passei meses a pensar que só te queria ver enterrada viva
Com todas as memórias
Debaixo de toneladas de pesadas mentiras que dai saíram


Odeio ver-te feliz
É o ícone do meu fracasso
O símbolo
A lembrança

Mas não devia classificar-me pela escolha de outros.
Mas não consigo esquecer, e por isso aprendi a não sentir o que penso.
Na sua maioria.


E iludo-me
Dizendo "tempo perdido"
Preferindo que nunca nada tivesse acontecido


Mas ainda bem
Aprendi a escrever
Embora pareça que não vou voltar a editar outro livro

Ouço dizer para não pensar
Dar tempo ao tempo de procurar
Eternamente esperando encontrar

Mas só a mim se aplica

Tu
Mudaste
És adulta agora
Aprender a fingir, a gozar, a mentir e a usar

Tu
Vocês
Não precisam de procurar
Encontram-te e querem-te fazer feliz
És o objectivo
O mais parvo deles todos.

Já não tenho pesadelos
Depois de se confirmarem
Deixam de ter propósito

E por isso espero, que nunca mais me vejas, que esqueças que eu existi, que esqueças tudo, e que nunca mais, NUNCA nos voltemos a ver, pois estamos ambos mortos um para o outro.


Depois de tanto tempo
Penso que a noite me acordou em pânico pela ultima vez.


domingo, 2 de setembro de 2012

Verão

Terra de praia, sexo e muita festa.
A sua chegada bem se podia traduzir para "a nossa ida para o verão"
Tudo se altera, as nossas percepções de toda a gente e de tudo o que nos rodeia.
Praia torna-se no lugar de interesses, as festas tornam-se no lugar de jogos, em que todo o objectivo subliminar ou implícito é o sexo.
O calor altera os sentidos nas ligações cerebrais, mas parece que só a mim é que os sentidos se invertem por completo.

Tem piada observar todos na praia a tentar impressionar pessoas que nem sequer existem para eles.
São multidões de corpos competindo para que essa mesma multidão eleja quem tem o melhor bife.
Bifes em putrefação
Cérebros em liquefação

Interesses.
Afinal não é disso que todos vivem?
Parece que sim, mas nesta altura o interesse é necessidade selvagem.
Todos as saciam e todos são felizes na época que para mim, passa.

Carlos,Calor.
Irmãos siameses agarrados a ti Peças.

Odeio o Verão.