Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Bandeiras

Estamos naquela altura do ano em que voltamos a cantar jesus sem querermos, discutimos se ele nasceu no dia 25, se devia-mos receber prendas nesse dia ou dia 6 de Janeiro, e lembra-mo-nos que existem crianças no hospital.
Para além da minha falta de espírito natalício este ano, pela primeira vez algo me irritou bastante este Natal.
Enquanto passo pelos corredores de Lisboa de autocarro, reparo na imensidão de janelas que agarram as agora famosas bandeiras vermelhas com o bebe jesus no centro.
Chamem-me o que quiserem, mas pessoalmente mais me parecem bandeiras nazis, e se eu tivesse uma na janela, tinha a policia em casa em dois tempos.
Eu não devia importar-me sequer, devia até dizer que fazem muito bem, estão expressar a sua fé ao mundo, e são livres de o fazer.
Não interessa, algo me arrelia em ver bandeiras vermelhas verticais com bebés nus nas janelas.
Guardem as vossas crenças dentro de casa, fechadas, num cofre, guardado na retrete.

Materialidades

Voltámos a esta altura do ano, em que consumir e comprar é a palavra de ordem.
Não, não tenho nada contra isso, aliás, com o devido respeito pelo ambiente e pelo próximo, acho que se devia consumir ainda mias.
Digamos que tenho uma relação com este consumo um pouco diferente.
Incluindo o espírito Natalício, que adoro (conversa para outro texto), tenho uma visão sobre o consumismo bastante mais feliz do que a maior parte.
Nada do que compro me faz feliz.
Vamos partir dai para que fique claro que não fico cego quando olho para o meu novo iPad, mas estas "coisas" fazem-me um pouco mais feliz.
Compro com bastante cuidado, compro só o que posso pagar na altura, compro o que realmente sei que me vai servir para algo.
As coisas servem um fim, não o são.
Mas pessoalmente há algo mais a estas coisas que compra-mos, elas mexem com algo mais em nós.
Seja um livro, um computador, um filme ou mesmo um carro, elas, embora ao olhar de muitos, caprichos que o mundo nos impôs, colmatam não apenas uma necessidade, mas uma necessidade pela novidade, pela evolução, pelo sentimento de renovação, talvez até, por uma necessidade do cérebro de não parar.
Ás vezes sinto isso, sinto que embora algo melhore com a compra que fiz, e embora me sinta mais feliz pois agora vou mais longe do que ia antes, sinto que nada me parece me parece preencher, algo que notei principalmente após o Natal, onde recebi o que queria, e mesmo assim, sinto que foi apenas outro Natal, que passou, que se foi, que eu não vivi.
Não vou ao ponto de dizer que tudo não passa de uma ilusão, que nos revestimos de coisas que não precisamos, que são apenas peças que tentamos encaixar a força na secção cerebral que controla o amor e a felicidade.
O que sinto é que não consigo lá encaixar mais nada.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Noite - pt5

Tinha sido um dia e natal cansativo, bastante.
A usual passagem pelo computador sem fazer nada é mesmo assim obrigatória, mas rapidamente percebi a inutilidade desta cadeira em comparação à cama.

Não sei porquê, mas acordei, num sonho, exactamente onde eu estava na minha, na mesma posição, às duas da manhã aproximadamente.
Lembro de sentir medo, sem a mais absoluta razão para tal.
Vi o meu quarto escuro, com alguma ténue luz da porta, e uma imagem em geral desfocada e com estática.
Excluindo a luz, é assim que acordo que todos os dias.
Mas ali estava eu arrepiado, até que disse: "Se estás ai, prova-o"
Geralmente a mais inteligente frase em qualquer filme de terror.
Sem quase atraso nenhum, fui puxado arrastado para o fundo da cama, como se lá existisse um poço aberto para o espaço sideral.
E gritei sem som algum, agarrando-me aos lençóis que voavam e abanavam, comecei a ouvir um som de baixa frequência a ecoar pelo quarto.
Ao mesmo tempo que gritava, pensava, tentava arranjar um explicação lógica para o que estava acontecer, que não podia ser nada paranormal, que tu do ficaria bem.
E tudo ficou, assim que acordei, na posição original, pensando para comigo:
"Porque raio é disseste aquilo..."

Noite - pt4

Estudando.
Tentando ver todos os pormenores na imensidão de camadas coloridas do AutoCAD.
De cabelo oleoso ou lá como o chamam, começo a enrolar as suas pontas que nem menina apaixonada.
É o pouco que faço às 4 da manhã.

A determinado, de olhos semicerrados, esgotados, a lutar por mais 15 minutos de radiação,
deixo de enrolar o cabelo para que possa usar as duas mãos, esperando que me despachem.
Mas mesmo com as duas mãos no teclado, uma mão continuou a fazer espirais numa ponta do meu cabelo, torcendo e torcendo.
Demorei ainda a reagir e ao olhar para trás, deixei de a sentir, deixei de o sentir, e nada vi para alem do meu quarto, e uma cama que chamava por mim.

Desabafar

Desabafar parece-me ser esta universal receita que os amigos encontraram, não só de se aproximarem emocionalmente de nós, mas de nos conhecerem.
Parece-me também que a acham ser um comprimido de amnésia, que neste caso não se engole, cospe-se.
Se eu te contar toda a merda que me vai na cabeça, será que a diarreia vai parar?
Nada do que eu diga vai mudar o que penso.
E se houver, eu não o sei dizer.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Black Friday

Não caia-mos na vulgaridade de fazer chacota do parvo comum americano.
Matar por meias é o destino de todos nós afinal.
Matar por descontos, por sua vez, não me parece tão necessário.
Além de poder-mos encomendar pela internet tudo o que quisermos (e provavelmente ainda mais barato que na loja), não necessitamos de acampar durante dias às portas de grandes centros comerciais, gastando tempo, dinheiro e energia, já para não falar das pequenas garrafas de gás pimenta que terão de utilizar caso a força não resolva o assunto.


Neste caso são telemóveis, que parecem estar a 100% de desconto.
Sem forçar um comentário ao video, só me pergunto:

O que aconteceria se fosse comida, num futuro com escassez de alimentos?

Penso que filmes como Guerra dos Mundos são, afinal, pouco precisos quando tentam relatar o comportamento humano nestas ocasiões.
Quando o Homem vê apenas o seu objectivo, perde a sua visão lateral.
"Não quero saber se alguém morre aqui, desde que eu consiga o meu telemóvel...mais barato"

Infelizmente, a evolução apenas chegou a alguns.

Criticamos o mundo Árabe quando em Meca morrem dezenas espezinhados na multidão.
Pessoalmente, a única diferença é o local...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Adeus


Porque agradeço a infância que me deste
Digo-te Obrigado

Porque nunca esquecerei e sempre te quererei lembrar
Digo-te até à Próxima

Porque não aguentei ver-te sofrer
Digo-te descansa em paz

Porque não te voltarei a ver
Digo-te Adeus

Porque sei que não estás a ouvir
Peço-te que ouças o que te quero dizer.

É nestes tempos que percebemos o quão frágil o corpo é, o quão não passamos de um monte de carne ambulante, movido por circuitos eléctricos e hormonas.
A nossa dependência de algo tão fraco é quase irónica.
Ganhámos consciência de que a podemos perder a qualquer segundo.
Podemos cessar de existir num segundo, como podemos morrer um pouco mais todos os dias.
E todos os dias morreste um pouco mais.

O sofrimento que nunca mostraste, hoje parece ter sido em vão, hoje parece não ter passado de um segundo no tempo, um vácuo no tempo passado.
O que existiu é agora nada, gravado na memória, nada existe.
Deixaste-nos, na minha opinião, tarde de mais.
Serei louco?
Durante uma semana rezei pela tua morte a Deus nenhum.
Desejei que tudo parasse, e quando parou...nada
A minha vida  que passou por ti, fez a tua passar por mim.

Senti alguma vergonha de não te ter reconhecido.
Se não te falassem, não saberia que eras tu.
Sei que ainda eras tu lá dentro, mas eu não percebi.
Que se lixe comer, pediste um capuccino, antes que o corpo decidisse ir sem levar o sabor que tanto adoravas.
Enquanto bebias, eu observava o mundo que circulava ao nosso lado, à nossa frente.
Esse corre sem querer saber, esse corre cansar, esse corre sem sofrer.
Esse nunca para, e só temos acompanhar, sem pensar, sem ver.



Eles que não sentem
Sortudos...


sábado, 1 de dezembro de 2012

As Cortinas

E elas fecharam-se
Pela última vez

Não mais a janela será teu misterioso refúgio
Teu olhar para o mundo, no teu incompreendido estágio
De vida sem vida , olhar que não olha, parado no tempo
No teu tempo, no teu próprio relógio.

E as cortinas fecham-se
Como os teus olhos
Não compreendem a diferença
E felizmente nunca compreenderam

Alheios ao que se passava para lá da janela
Olhavam
Mas não Viam
Outra dimensão dormente
Irracional para uma mente perturbada
Adormecida
Como estás

Para Sempre

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sinestesia

Só há pouco tempo é que descobri algo que me tenho desde que me lembro.
"Sofro" de sinestesia.
Não causa nenhum tipo de sofrimento, mas causa-me grande confusão em perceber algumas coisas aqui e ali.
Para quem não sabe sinestesia é a capacidade que o cérebro tem de ligar/conectar duas secções de conhecimento ou compreensão.
Quando digo ligar digo que quando se compreende algo, é também e automaticamente compreendido de outra forma.

Num programa que vi, um homem relacionava qualquer tipo de palavra com um tipo de alimento ou refeição.
Palavras parecidas davam na realidade...comidas parecidas...mais pitada menos pitada.

Antes de revelar como vejo o mundo escrito, esclareço aqui que a maior parte de nós têm alguns vestígios dessa "doença" que nos faz relacionar dois conceitos a um nível subconsciente.

Provavelmente já conhecerão este teste.
Se vos der a opção a opção de darem um nome a cada uma destas formas, e as opções foram "Bouba" e "Kiki", provavelmente darão o ultimo nome à forma da esquerda e o primeiro à da direita.
Sem uma razão aparentemente lógica.

A minha sinestesia involve letras, números, e cores.

Estes são os meus algarismos:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 0

E estes algumas das minhas letras:

A B C D E F G


Isto torna difícil compreender certas palavras ou certos números pois por vezes as cores que lhes associo são mais vibrantes e mais perceptíveis do que o seu verdadeiro significado.
Por vezes ajuda, pois a cor fica mais facilmente impressa na minha memória, de modo que sou capaz de decifrar o que era, pela ordem das cores que memorizei.


The Race

Acordo sem luz alguma.
Esta dor queima-me o interior dos olhos, como ovo em água quente.
Tento não abri-los, fugindo da mais mínima fonte de luz.
Não falo, talvez não me falem.
Não aguento som, como não aguento luz.
Frio, gelado.
Sinto-me mas não o sinto.

Lá fora, vejo agitação.
Nela, cheiro-a.
Vejo-me de fora, sentado, agarrado a mim mesmo, quieto, no meio da confusão
Tento isolar-me.

E vejo nitidamente a primeira imagem.
O comboio chega e passo a notar os minutos.
Ainda não os tinha visto.
E chegam-se à frente, encasacados gorilos e gorilas,  querendo entrar primeiro do quem quer sair, carregando quem sai de novo para os seus lugares, desde que o lugar não seja sentado.
Nesse caso corre-se que nem animais a jogar o jogo da cadeira.
Nunca fui bom nesse jogo.

Entro, ambos os lados estão cheios e sentados.
Encosto-me e suspiro enquanto a porta desliza e nos tranca, animais cansados, que acham ter cruzado a meta.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dois Bons Dias

Tenho uma inerente dificuldade em ter dois bons dias seguidos, no fim dos quais me deite e diga para mim mesmo: "Hoje gostei de viver".
Pode parecer demasiado dramático, mas há dias que eu passava bem sem ter vivido.
Numa média de 4 por semana.
Teria uma vida bastante curta.

Num dia tudo parece divertido, pessoas simpáticas, frases com piada, conversas interessantes.
No seguinte, sou gozado, desinteressante, calado, escuro, frio, evitam-me a todo o custo.

Há dias que chego achar-me interessante.
Vejam só!
Querem falar comigo!

Falsas conversas, penso muitas vezes.

De maneira nenhuma penso que são os outros os culpados
Tudo não passa de um clique dentro de mim.
Hoje assim
Amanhã assado

Esta é a minha rotina
Não ter rotina
Acordar sem saber como o mundo me vai falar

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pobres ingratos

Pobres é fácil de perceber de onde veio.
Milhões lutam dia e noite por conseguirem manter os luxos desta vida durante mais um mês.
Um tecto, água, comida, electricidade, com sorte educação e uma vida para os seus filhos.
Uma "crise" que vamos pagando, descontando, e recreando a nossa vida, girando à volta do que cada vez é mais escasso.
Com sorte, nada de pior nos acontece.
Talvez sejamos assaltados a meio da viagem, talvez adoeçamos e não tenhamos dinheiro para o médico ou para os medicamentos.
Com sorte, façamos o papel de coitadinhos e tudo correrá bem.

Desprovido do derradeiro luxo que é o carro, fui hoje (como em todos os outros dias) de transportes públicos para Lisboa, com apenas um ligeiro desvio da rotina na zona de Belém.
"Que pena, não vou poder ver belo do novo museu dos coches" - pensei eu...
Mas algo me chateou mais do que a interrupção dessa minha rotina, e também não foi o facto de não poder ver a Merkel de perto.

A parte dos ingratos entra aqui.
Temos um país de corruptos, de partidos de interesseiros, com um povo indeciso entre a Gabriela e a Casa dos Segredos.
No entanto quando alguém vem acertar o passo, a este país de miséria mental, "tem lá calma, que eu estou bem como estou, tu não mandas em mim"
Manifestações da "Merkel não mandas aqui" fazem-me pensar.
Será que também houve manisfestações no Campus de Justiça a pedir a cabeça no espeto do Oliveira e Costa?do filho? do Duarte Lima? do Vitor Raposo?
Sinceramente não me lembro...
Mas lembro de estes mesmo roubarem directamente milhares de milhões a tantos portugueses, mas a esses o povo diz "Olha o que é que se há-de fazer".

Na minha universidade apercebi-me de uma metáfora engraçada.
Quando o cão se alivia no relvado, é uma falta de educação do dono, a destruir aquele ambiente sagrado, como é possível alguém ser tão insensível para com os outros...
Quando os policias a cavalo deixam a rotunda coberta de adubo natural, é perfeitamente tolerável para quem passa.

-----------------------------------------------------------------------------

PS: Muitos mais textos estão por sair, mas pouco tempo tem havido para os acabar...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Inteligência - pt2

Existe uma certa reviravolta quanto ao valor da inteligência entre humanos. A mais ligeira discrepância de comunicação, a mais ligeira deficiência física ou mental, é um sinal subconsciente de que uma pessoa é mais estúpida do que eu.

 Num caso pessoal, gostaria de saber o que faço ainda para que tudo se afaste de mim.
O que será...

 Mais do que a sociedade acha, penso no que sabemos como um todo. Irrita-me não compreender o que já se sabe. O que controla todo o dia a toda a hora. Este sentimento de inalcançável divindade. Algoritmos que parecem controlar-nos mais do que nos apercebe-mos. Penso que somos tão inteligentes, que chegámos ao ponto de criar uma forma de inteligência universal, que nos controla.

 Deixando as especulações de lado...

 A nossa inteligência parece-me cada vez mais um bem subestimado. Assim que nos consegui-mos ver ao espelho, achámos que somos únicos, mais do que únicos, cada um adquiriu um sentido interior de maior relevância, de maior importância. Sou o único que se revê no espelho. No fim deixá-mos o sentido de comunidade um pouco de lado. O que deveria ser uma parte integrante de nós, e não a máquina que trabalha nos bastidores. Somos possuidores deste bem tão precioso, e lamentavelmente,sinto que o desperdiço todos os dias.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Inteligência - pt1

Tenho um concepção um pouco diferente do que do que se classifica de inteligente. Considero o cão, golfinhos,baleias, elefantes, seres inteligentes, tanto como considero aranhas, cobras, ratos, seres inteligentes, uns mais que outros. Mosquitos não, esses são inerentemente estúpidos. Mas contando que em diferentes níveis, todos possuiem alguma capacidade de resolver problemas e compreender o seu mundo, não apenas no seu instinto, no seu ADN, reside a formula para tudo o que lhes acontecerá na vida. Nisto acontece que o Homem aparece. Embora muitos digam o contrário, somos centenas ou milhares de vezes mais inteligentes do que qualquer outro ser vivo neste planeta. Mesmo que sejamos (na nossa perspectiva)capazes dos mais atrozes actos, essas em si mesmas, são a prova do nosso engenho, tal como a nossa interpretação das mesmas, o é. A nossa interpretação de eventos, resulta de algo que apenas "os mais inteligentes" são capazes compreender e criar, os nossos sentimentos. Os sentimentos vão para além de sentir dor, são o que nos faz gostar de senti-la.

sábado, 27 de outubro de 2012

SAI

777777~+::~:~:~,,,:~~==+??SAIIIIIII????++++++====~=~=~~~~:::,,,...............,
777777==~~~~,~,,,:~=+++??IIIIIIIIIIII????++++++=======~~~~~::,,,,..............,
77777I=~~,~~:~,,:~==++?IIIIIIIIIIIIIII????+++++=++======~~~~:::,,,..............
77777+=:~:,~~,,,~=++???IIIIIIIIIIIIII?????++++++++=+=====~~~~~:::,,.............
77777==:::::,,,:~++??IIIIIIIIIIIIIIII??????++++++++======~~~~~~:::,,,...........
77777~,::,~,,,:~=+??IIIIIIIIIIIIIIIII?I?????+++++++++=======~~~=~~:::,,.,.......
77777+.~:~=,,::=++??IIIIIIIIIIIIIIIIII???????++?+++++++==============~:,,,......
7777+~,~,~,,,:~=+??IIIIIIII7IIIIIIIIIIII???????+++++++=+===========++++~:,,.....
7777~~::~:,,,:=+???IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII????????++++++++=======+++++??++~::,...
7777~,,,~,,,:~=+??IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII??????+++++++==++++=++++??????+=:,,,
7777=::~:,,,:~=+??IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII??++==~~~::~~~~=++++++++???I?II?~:,
7777~~,=:,,::=++??IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII??+~~~:~::~~=~~~~~~:=+?+??+++I?III+~~
777=~:~::,,:~=+???IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII?+=~~~::~~=+++++++++==++++++++??IIIII+=
777=::~,~:,:~=+??IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII?==~~~::::=+++++++++====+++++++++??I??II+
777~~:~,::::~=+??IIIIIIIIIIIIIIIIIII??=~~~:::::~=+++++++++============+=???I?I??
777~::,,~:::~=+??IIIIIIIIIIIIIIIIII?+~:::~::~~===============~==~=======++???III
777~:::~~:::~=+??IIIIIIIIIIIIIIII??=~:~:~~~~~~~:~::::~::~~==============++++???I
77I:,~::~:::~=+??IIIIIIIIIIIIII???+=~~~~~~~~:,~,~~=:=~~~:::~~~~~===+++==++++?+I?
77+:::,,~:::~=+????IIIIIIIIIIII???+==~~==~~,=~:~,,,,,,~::::::~~~=++?++++=++++??I
77+=:~,:~:::~=++?????IIIIIIIIII??++=~~~=~~:=~,,,+~~:++=~:::::~~=+????+++++++++?I
77+=::,,:,,,,:~====++???IIIIII??+++=~~~~~~~~,::=,,~~??+=~~::~~=++?????+++++++??7
77==~,:,,...,,,,,:~~~=+??IIIIII??+=~~~~~~==::?:~~==+=?+~~~~~~=++???????+++++++?I
77==::,,:,,.,,::::~~~===+?IIIII??+==~:~~~=~,=??=+~===+==~~~~=++???????+++++=++?I
 7=~::,,:+~~:::::::::~~===?IIII??+==~~~~=+,+=+?++++++===~==++??II??????+++++++II
77=~::,,,==~:,,.,,:~=+=+~++IIII??++==~~=++?++++++++======++???IIIII???+++++=+++?
77~:::,,..=~,,.,..,.,,:~=++II7II?+++=====?+++++++++++++????IIIIIII????++++=++++?
77:~,:,,...:,:,.,,,=+~II??=?I77I??++++==+=+??+++??I?IIIIIIIIIIIIII????++++==++??
77~,,:,,....,,..,,:,:~I??+=?I7II?+++++++++?++????IIIIIIIIIIIIIIII???+++++===+?+?
7+~:,:,.,....,,,,~:::~~??++II7II??++++++++++??????IIIIIIIIIIIII??????+++====++?I
7=~:,:,.,....,::,,::~~===++II7II?++?++?++??++???I?IIIIIIIIIIIII?????+++======++?
7=:,,:,,,.....::::~~~=====+?77II?++++??++?++????IIIIIIIIIIIIII?????+++=======+?I
7=:,,.,,,.....,~~~~~====+++II7II?+++++?++++????IIIIIIIIIIIIII????+++++=======+++
7~:~,,,,,.,...,~======++++??I77I?+++++++++++???IIIIIIIIIIII????+++++=========++?
7~::,,:,,..,...~===+++++????I77I??++++=+++++???IIIIIIIIIII?????+++++==========++
7~::,,:,,....,.~=++++++?????I77III??+======++??I?IIIIIIII??????+++++==========+=
7~::,,:,,,.....:=++++?+?????I77III??++=++====+????IIIII?I??????++++======~~=+===
7::,,,:,,,,....,=++++??????I7777II??++=+++==~=????IIII?II?????++++==========+==+
7::,,,:,,,......==++++?????I7777II?+++++++==~~+??IIIIIIII?????+++++=============
7~~:,,::,,,.....:=++++?????I77I7I?+====+====~=?IIIIIIII?I????+++++=============+
7~~:,,,,,,.......=++++?????IIIII?+===,,,:==~~+???IIIIIIII????++++++=============
7~::,,,,,,.......,=+++??????I???+++=::~====+???I??IIIII???????++++++============
7:~~,,,:,,,.......:++++??????II++=====+++++??????????????????+++++++===========+
7~~:,,,:,,,........~++++?????IIII???+????++???????????????++?+++++++===========+
I:~:,,,:,,,.........~+++?????IIIII?I????I????????????????++++++++++++===========
?~::,,,:,,,.,........~+++???IIIIII?I??III???????????????+++++++++++=+===========
+~::,,,,,,,,..........=+++????IIIIIIIIIIII????????++++++++??+?++++++==========~=
~~:,,,,,,,,,...........~++????I?????III++==+======~=~~===++?++++++++============
~~:,,,,,,,,,,...........~++???????++++?======~~:~::::~=++++++++++++=============
:=,,,,,,,,,,.............:++?????+=======~:~==+?+~=++?+++++++++++++=======~=~==+
:=:,,,,:,,:,,.............:++??+==~~======++??I===++=++++++++++++++======~~=====
:~::,,,:,,:,,..............:+??++++++???II?I??+=====+++++++++++++======~~~~~~===
:~::,,,:,,,..,..............~++????++??????+++==+++++++++++++++=++======~~~~===+
:~::,,,:,,,,.,...............:++???++++?++?+++++++++++++++++++++++=====~~~~==+::
:~::,,,:,,,,,.................,++????++++=======++++++++++++++++======~=~~==+:::
:~:,,,,,,,,,....................=++?+?+++======+++???+?++++++++++=====~~~===::::
:::,,,:,,,,,.....................:++++++++++???I??I??????++++++++====~~~~~~:::::
~~:,,,,,,,,,.......................=+++????IIIIIIII???????++++++=========~~~::::
~~:,,,,,,,,,........................:++???IIIIIIIIIII????++++++====~===~~~~~::::
~::,,,,,,,,,..........................=+???IIIIIII???????+++++===~===~~~~~~~~~~:
~~:,:,,:,,,,..,........................~+??IIIIII!??????++++====~=~~~~~~~~~~~~~~
~~:,,,,:,,,,............................,+??II????????+++=======~~~~~~~~~~~~~~~~
~::,,,,,,,,,.............................,++?????+++++====~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~:::,,,,,,,,.............................,,,~++=====~~:,:~~~~~==~~~~~~~~~~=~~~~~
~:::,,,,,,,,..,....,.....................,,,,..,,,,,,,:::~~~==============~=~~~~

Terror

Lembro-me de ter uns 5 ou 6 anos e ver um filme chamado "Espécies", que na altura já era assustador para dizer o menos.
Tive incontáveis pesadelos em criança, com Aliens, criaturas que a minha cabeça inventava, coisas que voavam no meu quarto, coisas que me comiam vivo, coisas que não gostavam de mim.
De certa maneira, sinto falta dessas criaturas imaginárias, já não sinto que estou nesse meu mundo de fantasia, tudo é recto, real, uni-dimensional.
Sinto falta de imaginar tudo aquilo, mesmo o que me fazia arrepiar, o que me fazia agarrar o cobertor com toda a força, ficando calado para que o que quer que estava cá dentro, lá fora não me fizesse.
E no fundo, hoje nada está cá dentro, está tudo lá fora.
É isso que é crescer suponho.
Passados tantos anos, continuo adorar um suspense que me agarre à cadeira.
Continuo a tentar sair da realidade, mas tentativa atrás de tentativa, é cada vez mais difícil.
Faço cada vez menos intervalos da realidade, cada vez menos duradouros, cada vez, mais fúteis.
Realidade torna-se então mais assustadora do que o que eu consigo imaginar.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Para quê"?

Realmente não compreendo razão, para quê?
Para que é que penso em ti?
Para que é que somos "amigos"?
Para que é que ainda te falo?
"Sim, realmente não percebo para quê"

domingo, 21 de outubro de 2012

The Dark Valley

Hours spent per day
Thinking of the days, like isntants of pain
Knifes in my head, slowly pulled out
Razer cuts on an open wound

And I circle
And I spiral
Deeper and deeper in a darkest of valleys

Still awakening dead nights with dead happenings
Visioning past in the present
Convalescent thinking
Still doesn't matter

And I circle
And I spiral
Deeper and deeper in a darkest of valleys

But i can awake

Openning my eyes suddenly
In direct sunlight
Relieves
Put's it a sleep for a while

And I awaken
And I numb
As the Present is the Past sum

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo VII)

Passámos semanas, lendo e interpretando o que o ser nos tinha para decifrar.
Semanas que para a divisão para quem trabalhávamos, pareceram anos.
"Anos" que deram nas vistas, vistas que tinham de ser tapadas.
O projecto "Luminária" foi cancelado apenas 15 semanas depois do sarcófago entrar no laboratório.
Tem piada como até hoje não o que aconteceu ao sarcófago, retiraram-no do laboratório sem que ninguém soubesse, mas nunca recebemos confirmação se tinha sido destruído, ou simplesmente guardado em Fort Nox ou algo parecido.
Para ser sincero, nem sequer quero saber, pois o mais importante de toda a experiência continua bem guardado.
Desde sempre que sabes que não tenho moral.

Não sei como te dizer isto, mas vou tentar ser directo, de qualquer da forma, já não estarei entre vocês quando leres esta carta.
Diana, nem todas as amostras foram destruídas.
Elas continuam vivendo entre nós.

Desculpa, ter-te escondido, jogado contigo talvez.
Não sei se lhes dirás algum dia, mas por favor tenta compreender, nunca os tomei como ratos de laboratório, nunca arriscaria a vida das duas pessoas que mais amas, nos quais tanto orgulho e esperança repouso.

Pensa só nas possibilidades, no que toda aquele informação poderá trazer às novas gerações.

Sinto que te vejo.

Estás com essa cara que eu conheço lendo as atrocidades que escrevo, mas não podia partir, sem antes te contar a verdade.
A escolha é tua agora, só peço que no fim de a leres, queimes esta carta, que talvez arda também com a  as nossas diferenças, senão em vida, depois da morte.

Guardas a descrição, a história, relato, diário, de um ser que mais não passava de uma peça no puzzle que construiu a primeira cultura, a primeira civilização, os primeiros deuses.
Os que chamámos PrimuSapiens.
Os primeiros e mais inteligentes seres que alguma vez puseram pé neste solitário planeta.
Espero que um dia reconheças o que fiz por ti e por todos.

Para sempre minha pequenina caçadora.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Guilt

Tenho tentado perceber algo na vida, durante mais de uma década, uma década, e ainda sem resposta, no mínimo definitiva.
Eu compreendo que vivemos em sociedade, compreendo que todos temos algum tipo de direitos e deveres para com todos, e compreendo que temos escolha sobre eles.
Democracia, right?

O que eu não percebo está muito mais patente no subconsciente das pessoas do que estas regras.

Reparei que existe algo, no subconsciente, que eu acabei por chamar de "paga-me e retribuo-te"
A maior parte parece ter um tipo de sistema automática de retribuição, seja afectiva ou de qualquer outro género, para os melhores e mais "importantes" , que investiram algum do seu tempo, energia, ou intelecto nessa pessoa.
Simplificando, se alguém nos fizer rir, se alguém nos der um presente, se esse alguém for muito simpático connosco, se nos ajudar sempre que precisamos, trataremos essa ou essas pessoas, melhor do que trataremos um completo estranho.
Pensando bem, estará isso errado ou haverá sequer um?
O que sei, é que nem é esse comportamento que me faz confusão.
O que me confunde sã os supostos amigos.

A amizade com vários, diversificados, e complexos graus.
Amizades com diferentes níveis para cada amigo, dependendo se estamos a falar sempre a falar bem, se  rimos muito ou pouco.
A capacidade de dizer, este realmente é O meu melhor amigo, os outros são pessoas que eu ate falo, mas simplesmente não investiram tanto tempo em mim e não foram tão simpáticos.
Confunde-me eu nunca perceber em que nível está a nossa "amizade".
Confunde-me não compreender como fazem grupos automaticamente com uns amigos e não com os outros não tão amigos.

Odeio sentir-me alienado pelo facto de que não estar tanto no subconsciente da pessoa como outros.
Culpado por não ser tão amigável, mais dias do ano, como outros.
No entanto compreendo
-Preciso de alguém que seja sempre o melhor comigo, que esteja sempre no melhor humor comigo, para seja o amigo que entre no meu subconsciente, não és verdadeiramente amigo se hoje estas de bom humor e amanha não falas.
É este tipo de conversa que eu penso que se passa entre o processamento automático do cérebro e o resto.
Uma conversa de criança que o resto não reprocessa.

Sinto-me culpado por não conseguir ser esse regular, amigo, sentindo amigos mudos depois de já não terem de me ver todos os dias, amigos evitando contacto.
-Se não disser olá, não lhe vou dizer.

-Só se precisar dele...

domingo, 14 de outubro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo VI)

Genes.
Deuses da nossa criação.
Tentamos controlar os deuses que controlam tudo o que somos.
Ás vezes penso se não existirá algum tipo de ironia, algum tipo de humor negro encriptado em cada célula que nos forma.
Sei que nas dele, existia bastante mais que isso.

Nomeado Pater, esta pequena sequência apareceu 137 vezes ao longo do todo o par 322, e tudo o que se passava para a frente, até à próxima histona, era o que existia no mesmo espaço, num preciso momento, especificado a seguir ao sujeito, personagem central de toda a descrição.
Era a maior secção de sujeito seguido que o M.E.R.C.U.R.Y. tinha encontrado, e era a única em que o sujeito se encontrava no espaço e no tempo descrito.
Estávamos agora, pela primeira vez, a ler o que algo, alguém, nos tinha deixado como descrição, opinião do que vira, sentira, experienciara.
Senti-me a ler o diário de alguém.

 Defin/: Pater/: 103Y1/4D1/9H1M/: Em horas sem incidência de luz, comecei testes em todos
os invólucros.7 dias passaram desde que a Eden começou a pairar no planeta hóspede.
Cápsulas parecem ter funcionado como previsto até este momento, estarei a descansar pela altura que os primeiros acordarem.
 Defin/: Pater/: 103Y1/4D1/87H30M/: 23 acordaram sem efeitos secundários e estão neste momento em fase experimental./:AMI examinou-os automaticamente e indicou-lhes a primeira câmara de teste.
 Defin/: Pater/: 103Y1/4D3/4H45M/: Dois grupos de 5 saídos do teste foram enviados à superfície revelam seres movimentando-se esforçando-se em ambiente bastante hostil.
Em estado de pequenos construtores e possuidores de inteligência e auto-consciência.
 Defin/: Pater/: 103Y1/4D3/5H85M/: Confirmação recebida de modo a contactar com a raça da superfície decidindo recolher um individuo de dois tipos.
:/Anguis mostrou sinais relutantes.Nada :/Anguis quer interromper no natural percurso da vida no planeta.Explica que deveriamos observar de longe ou sair deste intocado planeta.
Ordens foram formadas ordens foram compridas.

Neste resumo que te mostro, é a primeira parte do que percebi ser uma história.
Um aviso, uma recordação perpétua, uma memória, uma mensagem, gravada na única língua que partilhamos, guardada até que a soubéssemos ler.
A história do primeiro contacto.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Multi-dimensional

Penso tantas vezes que quem leia o que escrevo, nem sempre ache o tema interessante.
Penso que a maior parte lê blogs de temas bastante específicos, gosta de textos de um tema, ou apenas gosta de poemas.
Não sou capaz de ser alguém assim, ou assado, capaz de ter um estilo ou maneira de ser.
Sou como sou no momento, tentando ter lógica, falhando quase sempre, mudo todos os dias um pouco, sem esquecer as razões que me fizeram querer mudar.
Tenho bastantes gostos, e embora ler não seja um deles, escrever sobre tudo é.

domingo, 7 de outubro de 2012

Funeral

Quem iria?
Quem diria que não chorarias a minha morte
Aliás, para quem existir é viver
Morrer "é vida"

Quem iria?
Queres saber?Quererias?

Estou, em mundo de luxos e felicidade.
Janelas rodeiam-me, exibem o terror de longe, olhando para fora, de cima para baixo.
Estou, em mundo de pessoas,
Sem interesses porque quem não interessa.

Alto p'ra baixo nesta torre de arco-íris, de cabeça fora quando chorou
Lá fora está o que sinto, cá dentro o que sou.

Por isso não sou especial, não sou o que queria, como queriam.
Por isso pergunto-me, quem sentiria algo no meu funeral, porque chorariam?

-Não podias ter escrito algo mais parvo?

Contacto - pt2

Mas não só de maus exemplos se faz este pequeno "manifesto".
Nesta segunda parte vou então dar alguns exemplos cinematográficos, do que na minha opinião é um realista encontro com seres de outro mundo.

The Forgotten

Portanto, começo pelas más notícias.
O pior que na minha opinião, pode acontecer à humanidade está neste filme.
Extraterrestres trabalham em segredo, testando pessoas sem que elas saibam, tentando compreender o que nos liga a outras pessoas ao nível psicológico.
No filme, apenas a NSA sabe da sua existência, não que os encubram, não que tenham qual voto na matéria, são simplesmente "paus mandados", e adoro o facto de não se ter a certeza do que realmente se passa, até esta especifica cena no filme.
Estas criaturas vieram cá, acharam-nos interessantes, e estudam-nos.
Neste caso a Mãe (Jullianne Moore) apercebe-se uma noite que o filho foi...eliminado.
As suas fotos, os seus desenhos, e se tudo tivesse corrido bem, a memória de que ele alguma vez tinha nascido, de todas as pessoas que o conheciam.
A possibilidade que este filme levanta, é a de que podemos todos de alguma maneira, estar a ser manipulados e testados, e nunca sabermos.
Extraterrestres não chegam à terra e lutam connosco de igual para igual, eles fazem o que querem de nós, sem que nós tenhamos qualquer hipótese de sequer retaliar, aliás, sem que sequer saibamos que deveríamos retaliar.

Nota final: Não se preocupem, se eles quiserem algo mais de nós, não vai haver nada que possamos fazer.

2001: Space Odyssey

Da mesma que nós lançámos mas longe a Voyager 1, penso que alguma civilização mais avançada, poderia mais rápidamente enviar algum tipo de máquina, do que viajantes pequenos e verdes (ou cinzentos).
É bastante mais rápido, fácil, e se for dotada de algum tipo de inteligência artificial, pode fazer todo o tipo de investigação que o seu criador faria, sem necessidade de respirar, comer, dormir, ou o que quer
que os nossos compatriotas do espaço tenham evoluido para ocupar o seu tempo e limitado as suas capacidades exploratórias.

Conctact

Chegamos então, ao filme que nomeou todo este texto.
Não tem no seu título nenhuma palavra como "Battle" ou "War", e por uma boa razão.
Trata provavelmente da probabilidade que eu acho mais plausível, e que espero que quando se der contacto, algo deste tipo aconteça.
Uma raça bastante mais evoluída que nós, envia-nos um sinal, após receberem uma das primeiras emissões de video, nos jogos Olímpicos de Berlim de 1936.
Junto com mensagem encontra-se um "tutorial" de como construírem uma máquina para os contactarem.
No fundo este filme mostra-nos como uma raça alienígena poderia simplesmente ensinar-nos, faria de nós parte de uma comunidade galáctica, partilharia-mos conhecimentos, descoberta, música, pintura e todos os tipos de arte, e talvez um dia, as duas raças se encontrem para ver um filme como "Independance Day" e rirem do quão estúpidas as nossas expectactivas eram.

Transformers: Dark of the Moon

Outra possibilidade que me ocorreu enquanto escrevia este texto, foi a de que Alien poderiam já estar do outro lado da lua, sem que ninguém se tenha apercebido, com algum tipo de conspiração secreta de todos os governos de países que já foram ao espaço e ....não, estava a só brincar, o filme é mesmo parvo.


sábado, 6 de outubro de 2012

Contacto - pt1

Tantas vezes me ocorre falar sobre este tema tão secante.
Mais pelo facto de que vejo bastantes filmes de ficção cientifica, e mete-me o cabelo em pé, como ainda mal passámos do extraterrestre invasor que começou no anos 50.
Sim, vai ser um texto para encher buracos, mas tenho esta ideia à tanto na cabeça, que tinha de a soltar qualquer dia.
Sejam homenzinhos verdes, castanhos ou cinzentos, todos parecem não os achar muito simpáticos, sejam os ditos estudiosos de "teorias da conspiração" ou produtores/realizadores de cinema.
E embora ache os primeiros mais engraçados de ouvir, vou escolher falar dos segundos (aproveitando para fazer algum tipo de mini crítica a vários filmes)
Tentarei então dar a minha simples opinião, tendo em conta a forma realista (ou irrealista) de como abordaram o tema de encontros entre nós e seres de outro planeta.                                                                                                                                      
Antes demais, percebo que muitos dos filmes que falarei são o que são de modo a serem populares, fáceis, e no fim darem algum dinheiro, já que a maior parte tem custos de produção super (hiper mega) elevados, mas de qualquer forma vou classifica-los pelo que são, ou tentam ser.

Começo então por alguns maus exemplos:

Battleship

Ora isto é que se chama entrar de arromba.
Há muito muito tempo que não via algo tão mau, e pensava que material desta qualidade fecal já não se fazia.
Se dissecarmos a parte da campanha de enaltecer o exército e patriotismo Americano, nada mais temos do que outro filme de 200 milhões de dolars, onde Aliens que mesmo vindos de algum planeta distante, em naves armadas até aos dentes, ainda não descobriram a fabulosa tecnologia que são os vidros à prova de bala e os misseis.
Percebo perfeitamente...demasiado avançado para criaturas que apenas conseguem construir naves inter-planetárias.
Mas cortando com todas as outras parvoíces, o que serve de base a este e muitos outros filmes é algo que eu não acredito profundamente...uma invasão armada ao nosso planeta

Battle: Los Angels

Outro filme exactamente igual, mas em terra.
De maneira que tomo este espaço para explicar o porquê de não acreditar numa invasão deste género.
A primeiro razão é uma pergunta que sempre me fiz:
Porquê - sejamos directos, porque é que uma raça que viajou anos luz, talvez até dezenas de anos luz, talvez até centenas, e chegam à terra para nos destruir.
Será que não têm nada melhor que fazer, talvez, digamos, partilhar algo connosco.
Não acredito na teoria dos invasores que nos vêem como formigas.
Somos bastante inteligentes, já conseguimos dar um saltinho à nossa lua, já fomos e viemos de Marte com robôs, e a Voyager 1 já ultrapassou os limites do nosso sistema solar.
Para quê - apresentam muitas vezes como razão de invasão, o facto de, após a sua chegada,escassearem em recursos devido à sua longa viagem pelo espaço.
Passemos para o próximo filme com este pequeno apontamento:

Viajaram durante 1000 anos, mas têm de parar e invadir a terra porque os seus recursos só chegavam para 999.

Signs

Adoro filmes onde E.T.s gastam o seu tempo recreativo como arte nos campos de cereais.
Tiveram foi azar em escolherem o campo do Mel Gibson.

Fire in the sky

O único filme de todos os que já falei, de que realmente gostei, obviamente pondo de parte a irrealidade de um filme baseado num evento que "realmente aconteceu"
The Walton Experience
Obviamente, e para quem já leu o "real acontecimento", percebe que o que "aconteceu" foi bastante mais parvo do que o que acabou no filme (para bem dos espectadores e do próprio filme)
Mas o único problema que tenho com a veracidade deste filme, é exactamente com a cena mais forte e emocionante de todo o filme.
Estes E.T.s que raptaram o senhor walton, são como "astrolopithecos" a viver numa nave espacial, e acapam por violar o corpo de Walton com instrumentos médicos que seriam bastante avançados para o fim do século 19.
Obviamente que lhes dá o ar monstruoso que é suposto, mas é simplesmente irrealista.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo V)

Milhares de milhões de anos.
Irmãos separados antes mesmo de nascerem.
Evoluindo em caminhos opostos, contemplam ambos as estrelas, esperando que uma os possa unir.

Conseguiram.

Privei-o de novo da luz do laboratório, convenha-se, de mais não precisava.
Senti esta leveza, um alivio depois de ouvir o trinco da última porta da câmara.
Não conseguia deixar, no que podia ter acabado de fazer, no medo do que nas minhas mãos poderia estar, ou no milagre que eu estaria a segurar.

2 dias.
Foram duas noites que não me importei de perder alguns neurónios e pestanas na ânsia de desvendar porquês escondidos naquelas amostras.

Porquê no fundo do mar?
Porquê apenas um?
Deixaram-no para trás?Porquê?

A investigação deu-nos mais respostas do que eu estaria a esperava.
Do material orgânico recolhido, a datação de carbono indicou-nos que teria cerca de 50 anos, mas eu sabia que isso não poderia estar certo, sem saberem consegui enviar um WPR, raspando a "indestrutível", consegui datá-lo como tendo mais de 7.000 anos.

Estava completamente perdido, já não sabia no que acreditar.

Descobri-mos nos dias que se seguiram, que, tal como nós, ele continha material genético, embora no seu caso, se encontrá-se em maior quantidade...
Constituído por cromossomas, 644 para ser preciso, 322 pares, sem um par sexual.

Mas no meio de tantos cromossomas, denotámos uma grande parte de ADN, que muito já não o era.
Aparentemente desligados, não produziam proteínas, não pareciam ter a habilidade de coordenar qualquer função no seu organismo.
De tal maneira decidimos utilizar o computador central M.E.R.C.U.R.Y. (alcunhado "Plutão" entre nós) para encontrar algum tipo de lógica naquela sequência de código aparentemente errática.
Fomos obrigados inventar que estávamos a fazer alguns upgrades no Mercúrio, de modo a termos desculpa para desligar-mos o acesso de todos os computadores à central, de modo a que ninguém o utilizasse durante algum tempo, esperando que nos desse o tempo suficiente.
Fazendo jus à alcunha dada por nós, não foi isso que aconteceu.

1 mês depois, suou o alarme.
Tinha acabado por descodificar tudo em simples binário, encontrando espaços, um princípio, e um fim.
Encontrava-se um padrão na secção não utilizada do ADN daquele individuo.
Um padrão, uma sequência de informação, uma cultura inteira, aberta para nós, na pele daquele ser.

Não caí em mim mesmo durante algum tempo.

A imagem que acabámos por construir de todos os petabytes de código, continha um tipo de linguagem  bastante espacial, ao invés de descrever acontecimentos no tempo, apresentava um imagem escrita de acontecimentos, com apenas espaços de algum código entre elas, fazendo-se perceber que se ligavam temporalmente, que faziam parte da mesma cena.
A primeira secção que decidimos investigar a fundo, foi precisamente a última, e a que mais me afectou.
Secção 322, pois era a única que se exprimia num tempo e num espaço bastante específico.
Essa secção que apelidámos de "Genesis" falava de alguém como eu, como nós.
Falava sobre alguém envolvido na ciência, alguém que se chamava (ou tinha como trabalho/função) de Pater.
No decorrer desta carta, irei por em papel pela primeira vez o que foi colocado no interior daquele ser.
Irei dar-te a conhecer os diários de Pater.



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Propósito e razão - pt1

90% do meu dia é passado a falar comigo próprio, a falar de amor ou da falta dele.
10% é passado a fazer o que talvez me ajude a atingi-lo

Só à pouco tempo cheguei a esta conclusão

Mas então perguntei-me:

Será que isso é todo o propósito pelo qual vieste a este planeta?
Será que é a única coisa que no final te vai realizar?
Para que é que te perguntas isto tudo?

Pois sabes a resposta.

É verdade, amar e ser amado, é a única razão para a qual estamos aqui.
Tudo o resto são acumulados de invenções, tentando encaixar peças num puzzle de apenas uma.

Mas engano-me

Há tanto mais
Há tudo!
Tudo o que falta.
Tudo o que me falta...

domingo, 30 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo IV)

Não compreendi imediatamente o que estava a ver.
Vários pontos e feixes de luz reflectiam-se no interior do sarcófago, iluminando-se vagamente a penumbra no seu interior, desfocados por fibras musculares translucidas.
Sim, fibras musculares.
Fibras, nervos...e um exosqueleto.
O copo escorregou-me da mão.
Cedi ao influxo daquele momento.
Penso que foi o mais perto que estive de sentir algo vagamente divino tocar nas profundezas da minha mente.
Lembro-me de que nos instantes que se seguiram pensei no que é que a aquilo significava no que o que realmente aquilo era.
No fim, não significaria nada ninguém fora daquela sala.
Nunca viria a ser publicado, nunca mais veria a luz do dia.

Voluntariei-me para vestir o fato e entrar dentro da câmara.
A cada passo meu, as botas pegavam-se mais ao chão ainda pegajoso do interior, mas nesse momento nem disso me apercebi, com visão em túnel, só via aquela brecha de luz ondulante chamando por mim.
Com um pequeno alicate eléctrico, deslizei alguns centímetros a metade superirodando espaço para tirar qualquer possível amostra, ao mesmo tempo tentado não desequilibrar aquela tonelada de metal.
Como abrir um baú do tesouro, há muito esquecido, esperando ser aberto.
Fiquei a olhar para um ser, suspenso num fluido que lhe distorcia a forma estranhamente humana, cabendo à justa no seu próprio sarcófago.
Gritaram-me para que não o fizesse.
Sem racionar um segundo, mergulhei a minha mão até tocar no seu braço.
Dá-se uma reacção em cadeia nos pigmentos luminescentes à superfície do exosqueleto assim que lhe agarrei no pulso, espalhando-se por todo o braço até desvanecer, como a ondulação da água após o impacto de uma gota.
Olhei repentinamente para a sua cara, sem rosto, esperando movimento, esperando algo, que não queria que acontecesse.
Levantei a sua mão pesada, de apenas 4 dedos compridos, que eram, mesmo assim, um pouco desproporcionalmente pequenos para o tamanho dos seus braços.

Parece que afinal tinham razão...

Retirei duas amostras do fluido e da fina camada de pele que cobria a a tua carapaça.
O que se seguiu, não passou do vulgar agoiro com o falecido Washington, que não vou perder palavras para te contar.
O que realmente interessa escrever, foi do que descobri nos dias seguintes.
Naquelas amostras, encontravam-se conhecimentos que revolucionariam a humanidade, ou a fariam colapsar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

No Frio

Que saudades que eu tinha deste tempo.
Da chuva, do frio, do vento.
Já não sabia de um dia sem esta berrante
Dor de cabeça

Adoro o frio
Algo me fez sentir um calor acolhedor
No frio abrasador

Nem de uma sensação que me acompanha à tanto eu consigo escrever.

E vivia num continuo inverno, com um natal aqui e ali, estivesse sempre fresco, sempre gelado.
Cheio de gelo dentro mim é como me sinto.
No calor derreto.
E assim respondo ao que me perguntas-te.
Como posso estar de pele ao vento da noite?
Sem ter a linda frase que o explique, digo, que é onde me sinto bem.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Noite - pt3

Sentia-me rejuvenescido, embora ainda de pálpebras pesadas, não sentia a dor de cabeça que sinto quase todos os dias quando acordo, e consegui perceber o reflexo de um sol das 9 horas da manhã.
De barriga para baixo e sem lençóis por cima de mim, de cara quase totalmente enfiada na almofada, sinto dois rápidos e suaves toques de um só dedo no meu pescoço.
Decerto a minha mãe.
Levanto a cabeça e olho por cima do ombro, para o lado contrário da cama, e mesmo com uma visão ainda turva, descubro que não estava lá ninguém.

domingo, 23 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo III)

-Já vi demasiados filmes destes...

Eu não queria acreditar no que poderia estar a minha frente.
Não queria e até hoje, não acredito.
Com alguns elevadores, carregámos as 2 toneladas do "sarcófago" de quase 4 metros de comprimento, para a câmara de vácuo.
Sabia que havia algo que não mais, algo que não batia certo com todo aquele aparato que mais parecia saído dos tempos de guerra fria, preparados em DEFCON 1.
Recordo-me que não levei aquelas horas tão a sério como a situação o exigia.
Queria obviamente saber a origem daquele objecto, embora outra parte de mim ecoava-me dentro da cabeça para que não o fizesse.
Momentos antes de o deslizarem para dentro da câmara, olhei para mim através daquele metal.
Vi esta versão obscura de mim reflectida, enquanto o tempo parecia parar, senti este pequeno desconforto dentro de mim, e por alguma razão, senti vontade de "apagar" o meu rosto da superfície cromada.
Toquei-lhe.
Um formigueiro estremeceu a minha mão, em falta de melhor descrição, como se tocasse numa criatura inerte, gelada, com imensa actividade dentro de si, tanta que parecia prestes a explodir.
Mas não me assustou, e não percebi nem percebo porquê.
Penso que houve algum fascínio que me impediu de reagir.

-Hey...não te apaixones ao primeiro toque...essa relação pode ter um fim abrupto...-

Gordon, aquela personagem que nunca deveria ter sido autorizada a entrar num laboratório, acordou-me  , e voltei a mim apenas quando ouvi a comporta a ser fechada.

Iamos então entrar em terreno desconhecido.

Segundo a "história" oficial, a cerca de 2 km do fundo, um sinal parou a tripulação da primeira esquadra de reconhecimento.
O sinal eletromagnético do sarcófago interferiu com a banda de 10 ghz do submarino, que com os cérebros militantes pensaram tratar-se de uma manobra evasiva de uma equipa que la tinha chegado a priori, mas os sonares nada captavam senão fundo de rocha e areia.
Seguiram o sinal até chegarem à fonte, ao ponto de deixarem de ter comunicações sem fios.

O sinal, após reconversão, provocou em mim um pavor inexplicável, que apenas posso explicar como indo buscar às profundezas do subconsciente, desencadeando o mais primitivo instinto de pânico e medo que o ser humano pode sentir.
Fui incapaz de permanecer naquela sala.
Continha uma secção em que emitia 3 distintos bips, e como que recuava à espera de uma resposta, num período 3 vezes mais longo.
Por isso, sem ideia do que exactamente devia-mos responder, a equipa decidiu gravar a secção de 3 bips e reproduzi-la no tempo de espera, em jeito de confirmação de que sabemos ouvir.

Emitiram o som na câmara...e esperaram...até que deixá-mos de receber sinal...e esperaram mais um pouco.
Acendeu-se um pequeno ponto de luz azul na sua ponta, e em menos de um segundo circundou na horizontal todo o sarcófago, como que fatiando-o em duas metades simetrias, num corte quase imperceptível.
Esperando que algo acontecesse, algo aconteceu.
Um liquido começou a jorrar com alguma pressão pelo corte.
Após a pressão aliviar, podémos perceber algum tipo de pequenos organismos, transparentes, caíndo aos milhares envoltos neste liquido, aparentemente mais espesso que água.
Todo o chão da câmara estava cheia desta "sopa", que não sabendo do que se tratava decidimos ligar o vácuo câmara.
Inútil.
Ao contrário da água, o liquido não ferveu no vácuo e todo o movimento que continua, decidiu igualmente não parar.
Sem escolha, e com probabilidade de destruir o que quer estivesse ainda no interior do contentor, decidiram pulverizar a câmara de ácído cianídrico.

-Zyklon, aniquilando inconvenientes desde os anos 40 do século passado...

Um clarão azul invadiu a sala.
Nada parecia mexer na câmara a essa altura, mas mesmo assim ninguém pareceu confiante o suficiente para vestir o fato e examinar o que se encontrava por lá.
Enviámos então um pequeno WPR comandado, de modo a recolher não apenas amostras do liquido derramado, como também imagens do que permanecia inerte, no seu interior, à mais de 5 milénios.
Assim que cheguei de novo à sala de teste, de água ainda na mão, deparei-me com o monitor principal, exibindo a primeira imagem do interior.
O projecto secreto de investigação, passou nessa noite a ter como nome de código
-"Luminária"-


sábado, 22 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo II)

Costumava-mos receber todas as segundas o envelope com todas as folhas, papelada, que teríamos de preencher o resto da semana.
Protocolo.
Como se não soubessem o que acontecia no laboratório durante toda a semana, a todo o segundo.
Até hoje penso que não passava de um teste de confiança.
A confiança não era mútua obviamente, nem precisava de ser, eles davam-nos o dinheiro, e nós obedecia-mos ao ultra-secretismo que nos impunham, basicamente aceitando não passar de peões num jogo xadrez.

Mas essa rotina não durou muito.

Sabemos que algo de especial aconteceu quando os senhores de fatos negros nos ligam a meio de uma noite gelada, para entrarmos no carro já se encontra à nossa porta.
Inventar uma desculpa, várias, uma mentira, sair da nossa vida para entrar no nosso sonho que se tornou pesadelo que nunca esperámos.

-Mas, que se passa...Que horas são?
-Precisamos de si, desça, estão à sua espera.
-Qual é a sur...

Dinheiro.
Poder.
Percebem?

Mas não precisavam de me pagar ver o que vi naquela noite.
Ao tentar descrever toda aquela noite, inclinado sobre a câmara, sem nunca me definir se me devia sentar ou ficar de pé...
Lembro-me que não falaram durante toda a viagem, e não era necessário, pois não só não tinham resposta para o que haviam encontrado, como sabiam que todas as minhas perguntas iriam ser multiplicadas por 100 assim que o visse.

-Vai gostar do que vai ver...Esperemos que nos possa dizer o que é...-

Formávamos um semi circulo quase impenetrável à volta do ecrã, ao lado da nossa "surpresa", na sala mais escondida da secção 6, tão escondida que mal percebi como o tinham colocado la dentro.
Há minha frente encontrava-se o que eu à primeira vista pensei ser algum tipo de míssil mas ponte-agudo em ambas as extremidades, com estranhas saliências circulares que se repetiam perpendicularmente ao eixo daquele objecto maciço.
De um metal negro espelhado, apenas mate em algumas manchas onde crustáceos se tinham fixado, e posteriormente sido retirados.
A verdade é que este objecto tinha sido recuperado de uma recente expedição militar a quase 11km de profundidade na depressão Challenger, adiando a construção da então secreta MRF DeepNeptune.

-E sou autorizado a perguntar porque nos reuniram a estas horas? Viemos aqui para vos dizer o que é que vocês andam a desenvolver?
-...Chamá-mo-vos para nos dizerem...o que é que exactamente está lá dentro.
-As nossas máquinas de TAC mal conseguiram penetrar, mas mesmo assim consegui-mos esta distorcida imagem 3D do que lá está, e que nos parece...orgânico.

O que me queriam dizer, é que tinham encontrado um sarcófago, que a minha equipa devia saber como abri-lo, e estudar...o que quer que estivesse lá dentro.
Que fique escrito que não foi minha a ideia, nem sequer a achei brilhante.
Só queria que me levassem aquilo dali para fora, para onde o tinham tirado.
Disseram-nos que não o conseguiram riscar sequer para o datar, o que percebi, não passava de uma forma de nos encobrirem algo que não tinha-mos de saber.
História com piada, como tudo mudou nas nossas vidas tão rápido.
Toda a secção 6 do Miescher Genetic Research Laboratory ficou então fechada a todos os outros engenheiros, a toda a administração, e penso que nem com assinatura do presidente se entrava por aquelas portas.
Tínhamos ultrapassado o ultra-secretismo, tinha-mos passado o alcance da lei e penso também da lógica e da razão.
Pelo menos, até descobrir-mos o que preferia-mos ter deixado em paz.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo I)

Todos nos dizem, antes de sermos alguém, que temos algo de especial dentro de nós.
Antes mesmo de sabermos que somos alguém, já sabemos que somos especiais.
A maior parte não chega a ser nada de nada e uma pequena percentagem chega a achar que é algo.
Na terceira-idade, acabei por sentir ambos, e chegou o momento em que conto aos meus netos o quão especiais eles são.

Mal sabem o quão verdade isso é.

Nesta carta, que espero não seja a última, dou-vos um pequeno vislumbre do que nunca vos disse, o único segredo que mantive para mim durante todo este tempo, e assento isto em letras, porque a minha veia cientifica venceu a minha artéria egoísta.
No princípio da década de 30, no agora em ruínas laboratório Miescher, começámos um estudo, que achávamos na altura, iria revolucionar todo o nosso conhecimento sobre o passado da vida na terra, criando-a.
Tinha-mos o conhecimento, as ferramentas e a vontade (essa que já cá estava à muito mais tempo), mas mesmo assim estávamos a pisar território, que não sendo desconhecido, era certamente virgem nas nossas mãos.
Essa era a nossa visão do que fazíamos e no que  trabalhávamos: Uma virgem na mão de Deuses

Mas nem sempre tudo segue quando pretendemos, principalmente quando o pão e vinho é-nos dado pelo governo.
Para eles nada mais importa do que o resultado, e quanto têm de gastar para o atingir, e se o resultado dá para matar e conquistar ou não...
Foram do anos mais frustrantes da minha, ser controlado e manipulado por esta entidade que só existe no papel, e se personifica nestes homens de fato e gravata, com mais uma carta na mão, que como eu neste momento, usam-na por ser o único método seguro de transmitir informação.
O papel pode ser censurado.
Entra em combustão aos 451º Fahrenheit.
Ainda não descobrimos um método de reorganizar os átomos das cinzas e dos gases de novo em papel que possa-mos ler.
Talvez ai vos pudesse provar tudo o que sei ser verdade.

Não vos escrevo esta carta para vos contar os segredos das que recebemos, escrevo-vos para contar o que aconteceu depois de as deixar-mos de receber.


domingo, 16 de setembro de 2012

Noite - pt2

Eu que nunca tive uma relação de muita intimidade coma noite e com o escuro, tenho tido das maiores "aventuras" durante esse diário período que todos passamos...

De barriga para baixo e braços debaixo da almofada.
De cabeça enterrada na almofada e e aconchegada contra o meu ombro esquerdo.
Começo muito lentamente acordar com esta sensação paralisante, pesada, com esta estranha trepidação no olhar.
Sentia algo estranho que me tocava nos pés por cima dos lençóis, e não me permitia esticar as pernas.
Sentia uma atmosfera que não me deixava respirar e não me permitiu sequer contrair um músculo que fosse de medo.
E então tudo tremeu.

Um terramoto assolou os círculos de luz que se escapavam pelos estores, trepidava e deslizava a própria cama do seu lugar, e "rasgava" o meu próprio corpo.
E eu agarrava-me à almofada fechando os olhos, que não impediam nem de ver toda a luz que pulsava aleatoriamente, nem de ouvir o incessante ruído de todo o meu quarto a rangia.

Este alguém. esta personagem continuava de pé, de pé ao fundo da cama.
Sem o ver percebi que era bastante alto e de braços grandes relaxados encostados ao corpo.
E os lençóis começaram a escorregar pelo corpo, rugindo e tremendo contra o meu corpo a medida que o deixava e sentia tudo frio e mais frio.
Ele continuava imóvel estático, mais frio que o frio que sentia, à medida que a luz acelerava e se intensificava.
Sentia o sangue vindo do coração fazendo pressão contra as paredes do meu crânio e o os lençóis chegando aos meus joelhos.
E então gritei, sem que nenhum som saísse.

E acordei.
Na mesma posição, com a mesma ténue luz de madrugada tocando na janela, cansado, soado, de músculos doridos e coração a bater, mas curiosamente...sereno.

Tempo

Odeio-te

Mais que tudo e todos

Não Páras
Não Julgas
Deixas Marcas
Mas não saras

Há muito que não sei o que é parar no momento
Desfrutá-lo
Há tanto que quero que ele chegue
Aproveitá-lo

Impaciência, inimiga do que o tempo nos trás
Sensação de enclausuramento espacial, dentro de mim
Monotonia que conserva um brilho de intensidade
Que nunca se manifesta, por mim, com ninguém

Pela razão que o tempo não para.


E o momento não chega e o tempo rola
Montanha acima.
Quero tanto que ele acabe
Acabá-lo

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sem Inspiração - pt1

Às vezes penso que tamanho importa, que não tenho nada que dizer e o rastilho se apagou.
Mas se há algo que aprendi com a música, é que no momento em que não se tem inspiração, escreve-se acerca de não ter inspiração.
Não chego a discernir se não tenho inspiração, se nada me ocorre, se não tenho paciência, não quero ter.
O que chego a perceber, é que nada ocorre na minha vida, estou sempre a falar no futuro, a pensar nele, e no que irá acontecer.
Nada acontece...
Nada que dê vontade de me deliciar no momento, nenhum momento que me delicie.
Minto...
Ontem gostei de a ver, atrasada, desengonçada, mais bonita, provavelmente porque me tinha esquecido do quão eras, és.
Mas farto-me disso, de tudo, também.
Quero algo, real, que aconteça, e quero escrever e tocar sobre isso.
Quero ter um motivo, uma motivação, para lêres mais do que o que me sai do génio, idiota.
Eu tenho de mudar a minha vida dia a dia, e ao mesmo quero ficar no mesmo, este estranho sentimento de confortável estrume.
E o estrume vai-me inspirando, as aspirando sempre o futuro, dia a dia.

sábado, 8 de setembro de 2012

Fingir

Odeio este hábito adulto de fingir tudo.
Fingir que se quer saber de alguém, fingir que tudo corre bem, fingir que nunca nada aconteceu. fingir que se promete, fingir que se é alguém.
São todos mágicos da ilusão e da mentira, todos parecem ganhar no dia que passam a ser adultos.
Eu não recebi nenhum livro nesse.
Esqueceram-se de mim, ao que parece.

Não precisam dizer que querem estar comigo quando já mal falamos, e quando já mal falamos dizerem que gostam da conversa.

Intrigas, segundos pensamentos, verdades óbvias que nunca são ditas.

Eu ganhei a capacidade de ler as pessoas.
Compreende-las ao mais ínfimo detalhe sem dizerem uma palavra.
Nunca falar deu-me isso.

Esforço-me para que passe de fingir para real.
E que desilusão, e para quê.

Eu não recebi livro nenhum, mas fui escrevendo um.
Aquele de título "Como fingir que ainda estamos cá para socializar"

E aproxima-se a sequela "Como viver sabendo que todos fingem querer saber de ti"

...

Pensei que iríamos ser directos, racionais e melhorar a partir, mas só vejo mais podridão, mais interesse, e mais "safa-te que eu estou bem".

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Depois

Imagino um dia ver-te passar
Numa rua onde possamos falar
Penso que nem que passem 30 anos
Quando tal acontecer, nada vai passar de um curto olhar


Usado
Gozado
Destruído
Mesmo assim sentindo-me culpado
Introduziram em mim
Fizeram-me crer ser o palhaço

O amor levou ao medo, o medo levou-me à loucura, a loucura levou-me à raiva, a raiva tornou-se em ódio, o ódio sucumbiu-me em sofrimento.

Passei meses a pensar que só te queria ver enterrada viva
Com todas as memórias
Debaixo de toneladas de pesadas mentiras que dai saíram


Odeio ver-te feliz
É o ícone do meu fracasso
O símbolo
A lembrança

Mas não devia classificar-me pela escolha de outros.
Mas não consigo esquecer, e por isso aprendi a não sentir o que penso.
Na sua maioria.


E iludo-me
Dizendo "tempo perdido"
Preferindo que nunca nada tivesse acontecido


Mas ainda bem
Aprendi a escrever
Embora pareça que não vou voltar a editar outro livro

Ouço dizer para não pensar
Dar tempo ao tempo de procurar
Eternamente esperando encontrar

Mas só a mim se aplica

Tu
Mudaste
És adulta agora
Aprender a fingir, a gozar, a mentir e a usar

Tu
Vocês
Não precisam de procurar
Encontram-te e querem-te fazer feliz
És o objectivo
O mais parvo deles todos.

Já não tenho pesadelos
Depois de se confirmarem
Deixam de ter propósito

E por isso espero, que nunca mais me vejas, que esqueças que eu existi, que esqueças tudo, e que nunca mais, NUNCA nos voltemos a ver, pois estamos ambos mortos um para o outro.


Depois de tanto tempo
Penso que a noite me acordou em pânico pela ultima vez.


domingo, 2 de setembro de 2012

Verão

Terra de praia, sexo e muita festa.
A sua chegada bem se podia traduzir para "a nossa ida para o verão"
Tudo se altera, as nossas percepções de toda a gente e de tudo o que nos rodeia.
Praia torna-se no lugar de interesses, as festas tornam-se no lugar de jogos, em que todo o objectivo subliminar ou implícito é o sexo.
O calor altera os sentidos nas ligações cerebrais, mas parece que só a mim é que os sentidos se invertem por completo.

Tem piada observar todos na praia a tentar impressionar pessoas que nem sequer existem para eles.
São multidões de corpos competindo para que essa mesma multidão eleja quem tem o melhor bife.
Bifes em putrefação
Cérebros em liquefação

Interesses.
Afinal não é disso que todos vivem?
Parece que sim, mas nesta altura o interesse é necessidade selvagem.
Todos as saciam e todos são felizes na época que para mim, passa.

Carlos,Calor.
Irmãos siameses agarrados a ti Peças.

Odeio o Verão.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

À Janela

Sempre foste aquele
De bigode ele
Que contavas
As tuas piadas
Aqui e ali

Mas há tempestades que atacam quando menos se espera, e ás cimentamo-nos ao chão ou deixa-mo-nos levar.

And you've become blue
Could not change the view
Of a non supporting glue
A pain unable to gow trough

Impaciente
Tremendo de medo
Que se torna real
Dentro de ti apenas

E o cérebro acha que é real, ele transforma a realidade na tua.
E consome-te em melancolia, que não te deixa formular razão nem medicado.
E lutas e continuas contra ti mesmo.
E procuras a única luz que atravessa o teu quarto, na única janela que fura a tua parede, para o único mundo que és ainda capaz de olhar.
Mas já não vês.

Passas os teus últimos dias, meses, anos, milénios olhando o mesmo, petrificado vegetal à Janela.

sábado, 25 de agosto de 2012

The Dark Knight Rose

Todos somos apenas máscaras, que dão cara ao que somos e pretendemos...
Às vezes somos o que parecemos, ás vezes é um completo contraste, e outras vezes isso nem sequer interessa.
Alguns fazem dos outros parte dos seus objectivos, outros aprendem a viver apenas com eles mesmos nos seus planos.

O que nos definem como Humanos?

Os caminhos que escolhemos

Mais nenhum animal no planeta escolhe esquerda ou direita, branco ou preto.
As suas escolhas estão seladas desde o momento em que vêem a este mundo.

Então o que torna pessoas em animais?

Quando vêem apenas um único caminho para o resto das suas vidas.

Não que seja algo mau.
O Batman saiu-se bem com essa, excluindo as suas vértebras, provavelmente um dos seus rins, e o cancro que terá em todos os orgãos do seu corpo.

Mas acontecem tantas coisas mais na vida do que simplesmente passar-mos de racionais a animais.

Acontece que (talvez mais que uma vez) entramos num poço profundo, escorregadio e em espiral, e não sabemos como sair, talvez nem sequer consigamos sair logo dele.
Mas a metáfora, é que tentar conta.
Tentar melhorar por um objectivo conta.
Tornar-mo-nos animais por uma visão conta, e maioritariamente resulta.

Mas será que é isso que queremos?

É o que tudo e todos nos influenciam a fazer.

Eu prefiro ser como uma rosa.
(Não a parte de ser bonito mas ter espinhos)
Ter várias petalas, várias faces diferentes que complementam a beleza do nosso ser.
Mas as rosas não melhoram e só brotam uma vez.
E nascemos, e ao longo de toda esta vida podemos renascer, e ser algo mais ou algo diferente.
Torna-te algo diferente
Rise.


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Suicídio

Ouço pessoas por todo o lado a falar no quão vergonhoso é alguém se suicidar.
Tony Scott foi um egoísta.
Uma fraca alma.
Cobarde
Doente em pensar em suicídio com duas crianças e uma mulher
Tanto o amavam, e nem assim foi capaz de pensar nos que o amavam e amar-se a si mesmo.
Tinha tudo e deu tudo a perder.
Preferiu a saída fácil, preferiu esquecer de vez todos os seus problemas, em vez de se agarrar a tudo o que tinha.
E ele tinha tudo!



É tão fácil ver a vida dos outros de fora, não é?
Compreender, julgar e opinar sobre a morte de alguém que nunca conhecemos.
Não é só fácil, mas sentem-se na obrigação de o fazer, e mostrar a sua superioridade e força psicológica a todos.
Porque não passamos disso mesmo, não é?
Um ShowOff constante.

Não sabem o que é sentir que cada segundo que passamos vivos foi mais inútil e doloroso que o anterior, não sabem o que se passa na cabeça ou no corpo da pessoa que voluntariamente acabou com o seu ser.
Nem sequer percebem que o verdadeiro egoísta é o que quer que a pessoa continue viva para o seu simples prazer, sem querer saber ou compreender as suas razões para partir.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Falar

Conversas

As letras
As Palavras
E principalmente as frases
Assustam-me


Falam-me que não falo por vergonha, por medo do ridículo que seria se eu abrisse a boca.
Não falo porque não sei do que falar, esse sim é o meu ridículo.

Quantas vezes não me vejo rodeado de pessoas, ou a conversar por simples teclas com uma só, e nada me chega ao cérebro para dizer.

Nunca há nada a dizer

Às vezes acho que as pessoas tiram algum curso antes de entrarem para escola, para serem sociais e extrovertidos e falaram pelos cotovelos de coisas que as pessoas gostam de ouvir.
Acho que tiram um curso de como se mexerem, como se rirem , e principalmente de como falarem.
Todos tiraram um curso de como serem engraçados, de como dizerem as palavras certas no momento certo, acho que é isso que se chama "ter experiência": saber sempre o que outros querem ouvir.

Se eu não te digo não é porque não sinto
Se não me explico não é porque tenha uma razão

Gostava que tudo não passasse de um olhar, onde percebemos o sentido sem ter de falar, ao invés de falar palavras de mil sentidos.

Tudo apenas por um olhar.



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Imagino-te

Às vezes imagino-te de manhã, ainda ensonada, aconchegada nos lençóis, enquanto começas a despertar.

Imagino-te levantando lentamente de olhos semi-cerrados, vestida apenas num curto pijama de lã que mal toca na tua suave pele.
De casa vazia diambulas
Na direção do banho caminhas
Entre quatro paredes revelas
Os teus doces arcos
Delicados afrodisíacos


Imagino que o tempo pára

A primeira gota cai
Toca-te como a ponta dos meus dedos
Percorre-te
Amena na tua petala

Acordas no verdadeiro sentido da palavra.

Quente é a água que passa nas tuas costas
Como o meu peito que a ti se encosta
Enrolo-me nas tuas curvas
Do mesmo modo que a água se escorrega pelas pernas

Dás um surpreso e cerrado olhar para trás sobre o ombro esquedo, nesse teu jeito tão feminino, enquanto agarras o chuveiro com ternura contra o teu peito, como se de um peluche se tratasse.

Mas eu não estava lá.

sábado, 11 de agosto de 2012

Encontrar-me

Mas o que é que isso significa mesmo?

"Significa compreender de onde vieste de modo a saberes para onde vais"

Mas eu já sou fruto do passado, eu sou eu.

"Tu não sabes o que queres, não sabes o que porque és assim, não sabes andar para a frente nem aprender do passado"

Eu sou assim, e estou onde estou porque não passo de um parvo, que não pensa no momento e só deixa falar um reflexo, a membrana com a todos têm contacto.

"E depois? Já não devias ter furado a membrana? Já não devias ter tentado arranjar personalidade, e não ter aquela que espontâneamente te ocorre para o momento"

Eu nunca sei o que dizer ou o que fazer...

"És um zero é essa a tua personalidade"

...

"Quando morreres como é que te vão descrever?´

Vão gravar na tua lápide:

-Aqui jaz uma pessoa-

Ninguém te compreende? Nem tu próprio.Tudo porque só vês zero em ti"

Eu gostava de mostrar às pessoas alguém divertido, alguém que sabe viver sozinho, alguém que entra na sala e domina o ambiente, aquela pessoa com aquele pedaço original, aquele pedaçinho de magia

"Gostavas de ser mais uma das tuas personagens que falham sempre que abrem a boca"

...

"Tu não tens de ser isso, tens de falar as pessoas como tu falarias"

Mas, o que é que eu diria, como é que o diria?

"Descobre, eu sou só a tua metade inteligente a escrever..."

Correr

Corro bastante mal.
De certeza que qualquer Queniano abaixo dos 10 anos corre mais que eu.
Mas não corria por desporto ou para melhorar a minha forma física.
Corria como se de algo fugisse.
Tantas vezes sai de casa sem avisar, sem olhar para trás, só para a frente, a horas que que jánão devia sequer estar a olhar para lado nenhum.

Enquanto corria
Ouvia apenas o coração
BATE
A respiração
OFEGANTE
Sinto a calçada
HUMILHANTE para os meus pés
Fogem dos meus pensamentos
HORRIVELMENTE PERTINENTES

Mas enquanto corro, não penso.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Monstro

Acho que não percebes o domínio que as tuas frias palavras têm sobre mim.
Penso que nem percebes.
Mas vês o mundo de uma maneira diferente da minha, não é?

Cada vês sou mais parvo contigo
Cada vês gosto mais de ti
E tu não vês isso, ou escondes bem como sabes fazer.
Vezes sem conta dou por mim pensar porque carga tão de pesada de água gosto tanto de ti enquanto tu continuas a provar-me que és completamente diferente de mim.
É por isso que se calhar gosto tanto de ti, és tão diferente de mim e de todos.
Tens esse teu algo interior que eu tanto quero descobrir, mas sei que não sou "a cara metade" o irá desvendar.
Ao contrário dou-te a ver tudo que há para ver em mim.


Sou tão parvo

Tudo só vai piorando, e tudo só vai piorar
E continuo a criar este monstro na minha cabeça
MOnstro
Para quê?
Para que é que me dou ao trabalho.
Porque é que dou tanta importância a tudo isto.


Quero dizer tanto mais e nada me ocorre, mas o que falta nunca conta

Love Will Keep Us Alive

Prometi-me no começo desta minha partilha de sentimentos, que não iria publicar nada que não fosse estritamente meu, mas há coisas que me fazem sentir como se eu as tivesse escrito.



domingo, 5 de agosto de 2012

Domingo


Lentamente.
Dito lentamente com um voz surda do vento a parado a passar pela brecha da janela.
Acordado por feixes de luz ténue que me massajam os olhos.
Digo-lhes que entrem enquanto subo o estor e abro a janela.
Sinto-me levados por mãos de ar ameno mas refrescante da manhã.

Realmente há ainda dias em que tudo o que me passa pela cabeça parece ser substituído pelos pequenos prazeres de viver.

Vagueio pela casa ainda na penumbra com fofas pantufas de lã que me aquecem os pés.
A água fresca estala as mãos ainda quentes e desperta o meu rosto.

De casa vazia, preparo um pequeno almoço especial de cerelac e estrelitas.
Numa cozinha silenciosa, onde não quero que o ruído dos telejornais me arruíne o momento.

Abro, clico, ligo o computador.
Este Jazz quentinho e acolhedor como leite que deixei a aquecer invade todas as paredes da casa.
E assim fico sentado de olhos fechados, a degustar cada momento, cada segundo, antes que o domingo acabe e o tempo se esgote.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Piadas


Ora, hoje deparei-me com uma piada de um dos mais conhecidos comediantes de stand-up dos nossos dias: Dane Cook
É engraçado (sem ter piada nenhuma)porque esta piada foi feita em tão pouco tempo que me leva a pensar que ele estava bêbedo num bar depois de ter ido ver o filme "The Dark Knight Rises" sozinho, e teve a brilhante ideia para esta piada:

"So I heard that the guy came into the theater about 25 minutes into the movie ... And I don’t know if you’ve seen the movie, but the movie is pretty much a piece of crap ... yeah, spoiler alert.”

E assim continua... “I know that if none of that would have happened, pretty sure that somebody in that theater, about 25 minutes in, realizing it was a piece of crap, was probably like ‘ugh f*cking shoot me."

A piada seria naturalmente mais engraçada, se a intenção não fosse mais do que chamar atenção para um comediante a morrer, mas talvez não seja a atenção que ele queira de qualquer das maneiras.
Sim, seria mais engraçada.
A piada toda está realmente na tentativa de perceber de que planeta fora do sistema solar é o Dane.
Como é que é possível a alguém no mesmo universo que eu dizer que uma das melhores conclusões de uma trilogia, um dos mais esperados e aclamados filmes do ano, is just a piece of crap.
E só vendo os primeiros 25 minutos!

Ok se calhar não é isso então.
Será que a piada era mesmo gozar com o facto das pessoas que foram a um filme num pacato cinema no Colorado, quererem morrer numa sala de cinema porque o filme é...mau?
Dito assim até tem piada não tem?
Tem piada do quão estúpida a piada tem, mas até me sinto mal por rir dessa mesma estupidez.

Por isso, vamos pensar que isto era mesmo uma piada, "ingénua" e sem pensar no seu impacto (Impacto, pff...até o estou a valorizar).
Se virmos neste ponto de vista acho que podemos aplicar aquela secção do nosso cérebro (não que eu realmente saiba como é que ela se chama) que nos desliga emocionalmente de outras pessoas, baseando-se apenas na distância e não na gravidade da situação.
Penso que o Pessoa tinha um poema sobre isto também.
Mas eu lembro-me, eu lembro-me que algo há milhões de anos aconteceu nos fez começar a sentir algo pelos outros, nos fez ligar emocionalmente a pessoas e eventos, e eu lembro-me que isso se chamava inteligência.
Essa marota que é tão rara neste planeta.
Não, não é uma piada acerca de muitas pessoas não serem abençoadas com a mesma, é genuinamente raro pois não vemos baratas a irem ao funeral dos seus amigos espezinhados, talvez vejamos elefantes a formarem algum tipo de rituais a lembrarem o elefante que agora jaz em ossos aos seus pés.
Nunca veremos a formiga a filosofar sobre o quão parva ou injusta a sua sociedade é, da mesma maneira que nunca veremos Dane Cook a fazer uma piada menos patética, barata e insensível do que esta.

Outrora comediantes como George Carlin estavam da boca das noticias porque tinham dito e criticado com algo que todos sabiam e todos viviam mas ninguém gostava de falar, e faziam-no de uma maneira criativa e com substância que os tornaram lendas.
Não me dêem a desculpa de ser humor negro, para isso se confirmar, têm de existir duas condições extra, examinar e criticar uma situação obscura e tabu de um evento ou sociedade, e acima de tudo, não ser dita por Dane Cook.

domingo, 29 de julho de 2012