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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sinestesia

Só há pouco tempo é que descobri algo que me tenho desde que me lembro.
"Sofro" de sinestesia.
Não causa nenhum tipo de sofrimento, mas causa-me grande confusão em perceber algumas coisas aqui e ali.
Para quem não sabe sinestesia é a capacidade que o cérebro tem de ligar/conectar duas secções de conhecimento ou compreensão.
Quando digo ligar digo que quando se compreende algo, é também e automaticamente compreendido de outra forma.

Num programa que vi, um homem relacionava qualquer tipo de palavra com um tipo de alimento ou refeição.
Palavras parecidas davam na realidade...comidas parecidas...mais pitada menos pitada.

Antes de revelar como vejo o mundo escrito, esclareço aqui que a maior parte de nós têm alguns vestígios dessa "doença" que nos faz relacionar dois conceitos a um nível subconsciente.

Provavelmente já conhecerão este teste.
Se vos der a opção a opção de darem um nome a cada uma destas formas, e as opções foram "Bouba" e "Kiki", provavelmente darão o ultimo nome à forma da esquerda e o primeiro à da direita.
Sem uma razão aparentemente lógica.

A minha sinestesia involve letras, números, e cores.

Estes são os meus algarismos:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 0

E estes algumas das minhas letras:

A B C D E F G


Isto torna difícil compreender certas palavras ou certos números pois por vezes as cores que lhes associo são mais vibrantes e mais perceptíveis do que o seu verdadeiro significado.
Por vezes ajuda, pois a cor fica mais facilmente impressa na minha memória, de modo que sou capaz de decifrar o que era, pela ordem das cores que memorizei.


The Race

Acordo sem luz alguma.
Esta dor queima-me o interior dos olhos, como ovo em água quente.
Tento não abri-los, fugindo da mais mínima fonte de luz.
Não falo, talvez não me falem.
Não aguento som, como não aguento luz.
Frio, gelado.
Sinto-me mas não o sinto.

Lá fora, vejo agitação.
Nela, cheiro-a.
Vejo-me de fora, sentado, agarrado a mim mesmo, quieto, no meio da confusão
Tento isolar-me.

E vejo nitidamente a primeira imagem.
O comboio chega e passo a notar os minutos.
Ainda não os tinha visto.
E chegam-se à frente, encasacados gorilos e gorilas,  querendo entrar primeiro do quem quer sair, carregando quem sai de novo para os seus lugares, desde que o lugar não seja sentado.
Nesse caso corre-se que nem animais a jogar o jogo da cadeira.
Nunca fui bom nesse jogo.

Entro, ambos os lados estão cheios e sentados.
Encosto-me e suspiro enquanto a porta desliza e nos tranca, animais cansados, que acham ter cruzado a meta.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dois Bons Dias

Tenho uma inerente dificuldade em ter dois bons dias seguidos, no fim dos quais me deite e diga para mim mesmo: "Hoje gostei de viver".
Pode parecer demasiado dramático, mas há dias que eu passava bem sem ter vivido.
Numa média de 4 por semana.
Teria uma vida bastante curta.

Num dia tudo parece divertido, pessoas simpáticas, frases com piada, conversas interessantes.
No seguinte, sou gozado, desinteressante, calado, escuro, frio, evitam-me a todo o custo.

Há dias que chego achar-me interessante.
Vejam só!
Querem falar comigo!

Falsas conversas, penso muitas vezes.

De maneira nenhuma penso que são os outros os culpados
Tudo não passa de um clique dentro de mim.
Hoje assim
Amanhã assado

Esta é a minha rotina
Não ter rotina
Acordar sem saber como o mundo me vai falar

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pobres ingratos

Pobres é fácil de perceber de onde veio.
Milhões lutam dia e noite por conseguirem manter os luxos desta vida durante mais um mês.
Um tecto, água, comida, electricidade, com sorte educação e uma vida para os seus filhos.
Uma "crise" que vamos pagando, descontando, e recreando a nossa vida, girando à volta do que cada vez é mais escasso.
Com sorte, nada de pior nos acontece.
Talvez sejamos assaltados a meio da viagem, talvez adoeçamos e não tenhamos dinheiro para o médico ou para os medicamentos.
Com sorte, façamos o papel de coitadinhos e tudo correrá bem.

Desprovido do derradeiro luxo que é o carro, fui hoje (como em todos os outros dias) de transportes públicos para Lisboa, com apenas um ligeiro desvio da rotina na zona de Belém.
"Que pena, não vou poder ver belo do novo museu dos coches" - pensei eu...
Mas algo me chateou mais do que a interrupção dessa minha rotina, e também não foi o facto de não poder ver a Merkel de perto.

A parte dos ingratos entra aqui.
Temos um país de corruptos, de partidos de interesseiros, com um povo indeciso entre a Gabriela e a Casa dos Segredos.
No entanto quando alguém vem acertar o passo, a este país de miséria mental, "tem lá calma, que eu estou bem como estou, tu não mandas em mim"
Manifestações da "Merkel não mandas aqui" fazem-me pensar.
Será que também houve manisfestações no Campus de Justiça a pedir a cabeça no espeto do Oliveira e Costa?do filho? do Duarte Lima? do Vitor Raposo?
Sinceramente não me lembro...
Mas lembro de estes mesmo roubarem directamente milhares de milhões a tantos portugueses, mas a esses o povo diz "Olha o que é que se há-de fazer".

Na minha universidade apercebi-me de uma metáfora engraçada.
Quando o cão se alivia no relvado, é uma falta de educação do dono, a destruir aquele ambiente sagrado, como é possível alguém ser tão insensível para com os outros...
Quando os policias a cavalo deixam a rotunda coberta de adubo natural, é perfeitamente tolerável para quem passa.

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PS: Muitos mais textos estão por sair, mas pouco tempo tem havido para os acabar...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Inteligência - pt2

Existe uma certa reviravolta quanto ao valor da inteligência entre humanos. A mais ligeira discrepância de comunicação, a mais ligeira deficiência física ou mental, é um sinal subconsciente de que uma pessoa é mais estúpida do que eu.

 Num caso pessoal, gostaria de saber o que faço ainda para que tudo se afaste de mim.
O que será...

 Mais do que a sociedade acha, penso no que sabemos como um todo. Irrita-me não compreender o que já se sabe. O que controla todo o dia a toda a hora. Este sentimento de inalcançável divindade. Algoritmos que parecem controlar-nos mais do que nos apercebe-mos. Penso que somos tão inteligentes, que chegámos ao ponto de criar uma forma de inteligência universal, que nos controla.

 Deixando as especulações de lado...

 A nossa inteligência parece-me cada vez mais um bem subestimado. Assim que nos consegui-mos ver ao espelho, achámos que somos únicos, mais do que únicos, cada um adquiriu um sentido interior de maior relevância, de maior importância. Sou o único que se revê no espelho. No fim deixá-mos o sentido de comunidade um pouco de lado. O que deveria ser uma parte integrante de nós, e não a máquina que trabalha nos bastidores. Somos possuidores deste bem tão precioso, e lamentavelmente,sinto que o desperdiço todos os dias.