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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A Dor de não Sentir

De qualquer forma, não sinto as pessoas a partirem.
Sinto quando alguém escolhe partir, sinto quando alguém prepara a sua partida, morrendo todos os dias um pouco mais, mais um pouco, até que, cá fora ou o lá dentro, não reste do ser que antes conhecia-mos.
Foi isso que mais me impressionou, foi isso que mais me doeu.
Mas, ao contrario da maior parte, não colapso quando alguém morre, ao inicio penso, nunca mais a verei, nunca mais lhe falarei, mas mesmo isso não me assusta, eu desligo dos mortes, passo à frente, uma parte do meu dia que seria gasto com essa pessoa, agora não o é.
É assim que vejo e sinto a morte de quem me é próximo, e é isto na realidade, que me dói.
Dorme não sentir.
Sinto-me culpado por vezes, sinto que não gostava assim tanto dessa pessoa, sinto que afinal, se calhar, não tinha a ligação a essa pessoa que deveria ter tido, ou que achava que tinha.
Aconteceu no passado e acontecerá no futuro, o facto dos mortos não me causarem sofrimento ou segundos pensamentos, não me fazem pensar, nem sequer me fazem desesperar.
Apenas penso, o que aconteceu aconteceu, e agora estou cá e para continuar a viver, esperando que a linha da vida tenha muitos desvios.
No fim, os vivos continuam a ocupar a maior parte da minha conciencia, pois mesmo que sinta algo por ambos, esses sim escolhem afastar-se de mim...

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