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sábado, 28 de julho de 2012

O Homem do outro lado

Eu nado.
Todos os sábados, naquela hora de acordar que ainda estou a dormir.
A essa hora não sou o único que acha uma melhor ideia estar a dormir, e por isso nado quase sempre sozinho.
Não só não tenho ninguém para falar, como dou tempo ao meu cérebro para divagar.
Costuma ser um momento em que saio de mim, enquanto o corpo fica a nadar.
Mas, de vez em quando, o pensamento cruza-se com a  realidade.
Lá está ele.
Outra pessoa do outro lado da piscina.
Com toca azul, de cabeça de fora e um braço em cima da corda de divisão.
De punho fechado a aguentar a cara que nem pensador.
Olha para mim.
Venho a mim outra vez, nado até à sua margem.
A miopia desfoca a clareza que ganho na aproximação.
Não vejo bem.
Apercebo-me da bola de plástico azul que flutua e se move ao tocar na margem de mosaico.
Uma salsicha enrolada em nó a nem metro e meio da água desdobra-se por si mesma, e eu penso:
-Mas que...?

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